Uma investigação realizada pelo Credit Suisse rejeita as acusações de que muitos nazistas que residiam na Argentina tinham contas no antecessor desse banco, mas senadores americanos criticaram o modo como a averiguação foi realizada.

Em 2020, o Centro Simon Wiesenthal de combate ao antissemitismo e ao racismo estabeleceu uma lista de 12 mil nazistas instalados na Argentina, e apontou que muitos deles eram suspeitos de terem tido contas bancárias no Schweizerische Kreditanstalt (SKA), o antigo nome do Credit Suisse.

A pedido do centro, o Credit Suisse aceitou abrir uma investigação em seus arquivos e ordenou que o escritório AlixPartners fizesse investigações.

Uma equipe de 50 pessoas examinou cerca de 480 mil documentos, o que levou 50 mil horas de trabalho, disse o banco nesta terça à noite em comunicado.

“Os investigadores não encontraram nenhuma prova que sustente as acusações do Centro Simon Wiesenthal, segundo as quais numerosos indivíduos de uma lista de 12 mil pessoas na Argentina tiveram contas no Schweizerische Kreditanstalt (SKA), o banco que precedeu o Credit Suisse, durante o período nazista”, explica no comunicado.

A investigação também não encontrou evidências de que oito contas, fechadas há muito tempo, continham ativos de vítimas do Holocausto, de acordo com o texto.

Uma comissão especial do Senado dos Estados Unidos acusou o banco de ter “limitado o campo de buscas internas” e de ter “deixado pontos cegos” em sua investigação.

Além disso, a investigação era inicialmente supervisionada por um mediador independente, mas o banco encerrou sua colaboração “inexplicavelmente”, criticou a comissão.

“Quando se trata de investigar questões de nazismo, a retidão da Justiça impõe não ignorar nenhum detalhe”, declarou o senador Chuck Grassley, citado em nota da comissão do Senado, considerando que o banco havia “fracassado” nesse sentido.

O legislador criticou o Credit Suisse por ter optado por uma abordagem “rígida” em sua investigação e por ter se “recusado a explorar novas pistas”.

Por sua vez, o Centro Simon Wiesenthal, que persegue criminosos nazistas, apontou que a decisão do banco de parar de colaborar com o mediador prejudica sua confiança em uma “revisão histórica justa, independente e transparente”.

A AFP entrou em contato com o Credit Suisse, que se recusou a comentar sobre o fim dessa colaboração com o mediador.

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