As cidades do Rio de Janeiro, de Buenos Aires e de Ahmedabad, na Índia, criaram um grupo de trabalho para financiar municípios ao redor do mundo para ações de resiliência e enfrentamento às mudanças climáticas. Essa força-tarefa – apoiada pelo C40 (Grupo de Liderança Climática) e UCLG (Cidades e Governo Locais Unidos) – visa preparar recomendações para o encontro de chefes de Estado do G20, as 20 maiores economias do mundo, em novembro de 2024, no Rio.

O anúncio da iniciativa ocorreu no Urban 20 (U20), encontro das cidades do G20, em Ahmedabad, encerrado no sábado, 8. A cidade do Rio foi representada pelo presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, e pelo coordenador municipal de Relações Internacionais, Pedro Spadale. Juntos, os participantes do U20 formariam a terceira economia do mundo, atrás apenas de EUA e China. O comunicado final do U20, na Índia, enfatizou a necessidade de avanços significativos na questão do financiamento climático.

“As cidades estão na vanguarda do planejamento público e da ação para enfrentar a crise climática. No Rio, temos, desde 2021, um ousado Plano de Ação Climática e Desenvolvimento Sustentável. Além do plano, desenvolvemos projetos de mitigação e adaptação e resiliência em áreas como transporte, com o novo BRT, e amenidades ambientais, como o Parque Realengo”, informou a Prefeitura do Rio, em nota.

O financiamento e o apoio técnico para projetos e políticas públicas dependem de instrumentos financeiros de longo prazo com juros baixos, destaca a Prefeitura do Rio.

“Rio, Paris, Buenos Aires e Ahmedabad convocaram as cidades do G20 a levar propostas concretas para o encontro de líderes em Délhi, este ano, e no Rio em 2024”, afirmou o Padilha, do Comitê Rio G20.

O grupo formado por Rio, Buenos Aires e Ahmedabad vai trabalhar em parceria com a Comissão Global para Finanças dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) Urbanos, que tem como objetivo reformar o sistema financeiro. O comitê foi lançado, no mês passado, em Paris, pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele é um dos copresidentes, ao lado da prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, e do economista Jeffrey Sachs.

A meta dos municípios que lideram esse processo de mudança do sistema financeiro é garantir investimento direto e acesso a financiamento internacional essencial para as cidades, para que possam cumprir suas ambições climáticas. De acordo com a prefeitura, o fluxo de trabalho se concentrará na formulação de soluções e recomendações específicas sobre como impulsionar a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para aumentar a disponibilidade e melhorar o acesso ao financiamento climático para as cidades.

Muitas delas enfrentam dificuldade para a obtenção de crédito financeiro. Os bancos multilaterais de desenvolvimento têm um papel importante, pois podem escalar o apoio a investimentos climáticos urbanos, ao apoiarem mecanismos de compartilhamento de riscos, como doações, financiamento misto e garantias. Dessa forma, as cidades seriam beneficiadas, com a redução de custos de crédito bancário, com o aumento do acesso a empréstimos com boas condições e a atração do financiamento do setor privado.

“O foco principal do G20 é relacionado ao tema da governança global no plano econômico. Por isso, o U20 encaminha aos chefes de Estado do G20 pleitos relacionados, sobretudo, à questão do financiamento climático. O objetivo é que haja um aumento expressivo do volume de recursos financeiros destinados às cidades para lidar com a crise climática e que isso aconteça não apenas em uma escala muito maior, mas também de forma mais rápida e direta”, disse o coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio, Pedro Spadale, informando que as cidades são responsáveis por mais de 70% das emissões de gases do efeito estufa no mundo.