A população está mais informada e consciente a respeito da importância de se aprovar uma reforma da previdência. É o que aponta uma pesquisa realizada pela XP Investimentos em parceria com o Ipespe, a partir de entrevistas telefônicas com mil pessoas em todo o Brasil, em janeiro. De acordo com o estudo, em dezembro de 2018, 63% dos entrevistados consideravam necessárias as mudanças no sistema de aposentadoria. Em janeiro a proporção subiu para 71%. Já a quantidade de pessoas que considera as alterações desnecessárias caiu de 30% para 22%. “O tema previdência está sendo mais discutido”, diz Victor Scalet, analista político da XP Investimentos. “Além disso, a cobertura pela imprensa aumentou, o que ajudou a convencer a população de que a reforma é necessária”. A partir da ferramenta Google Trends também é possível verificar os picos de busca da palavra “previdência” no buscador. O maior deles ocorreu entre março e abril de 2017, quando o governo de Michel Temer tentou, em vão, aprovar uma proposta de reforma. Depois mais um aumento foi registrado, no último trimestre de 2017, quando o tema voltou à tona. Uma nova disparada nas buscas ocorreu no final de outubro de 2018, no segundo turno das eleições, e agora, em janeiro, uma nova curva aponta uma retomada no interesse.

Proposta a caminho

Outra pesquisa, realizada em abril do ano passado pelo Instituto Ipsos, a pedido da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), mostra que a população estava, à época, bastante desinformada sobre o tema. O estudo que ouviu 1200 pessoas em todo o Brasil mostrou que 43% dos brasileiros achavam necessário fazer uma reforma da previdência, enquanto 38% consideravam que o sistema não precisava de modificações. Além disso, 51% delas acreditavam que o modelo atual do INSS é sustentável e 70% que a corrupção é o maior problema do sistema. A incompatibilidade das informações com a realidade revelou um grande desconhecimento sobre o funcionamento da previdência, bem como seu papel decisivo no déficit fiscal do País. Para se ter uma ideia, ela corresponde à maior despesa do Orçamento de 2019, sancionado na quarta-feira 16. Dos R$ 3,381 trilhões de gastos, R$ 637,9 bilhões correspondem à aposentadoria. Um importante componente na conta da Previdência é o gasto com a seguridade social dos militares fora da ativa. Na pesquisa realizada recentemente pela XP, a população aparece bem mais consciente sobre o impacto desses gastos: 66% defendem a inclusão dos militares na reforma e 41% acreditam que os servidores públicos devem perder benefícios.

A nova proposta da reforma está sendo elaborada sob sigilo pela equipe econômica do governo. O texto deverá ser apresentado ao presidente Jair Bolsonaro no domingo 20, antes de sua ida ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. Ele deve aproveitar a viagem para estudar o tema e se reunir com o ministro da Economia Paulo Guedes. A expectativa é que na volta do Fórum ele envie a proposta ao Congresso.

O apoio à reforma previdenciária pode estar atrelado à popularidade de Bolsonaro, ainda em lua de mel com seus eleitores. Outra pesquisa realizada pela XP, divulgada na quinta-feira 15, mostra que 69% dos entrevistados avaliam o novo governo como ótimo, bom ou regular e apenas 20% como ruim ou péssimo. Se aprovada a reforma da Previdência, essa boa imagem deve melhorar, uma vez que um novo ciclo econômico pode começar no País. Com contas públicas mais equilibradas, a tendência é que o grau de confiança do investidor no Brasil aumente, a economia aqueça e, consequentemente, o desemprego caia. Nesse cenário, a popularidade de Bolsonaro subiria ainda mais.

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