A promotoria antiterrorismo da França está investigando o assassinato em Paris de um turista de nacionalidade alemã e filipina, morto no sábado por um francês fichado por extremismo islamista e com problemas psiquiátricos, que também feriu outras duas pessoas.

O agressor, Armand Rajabpour-Miyandoab, um homem de 26 anos com pais iranianos, foi detido após o incidente.

A Promotoria Nacional Antiterrorista (Pnat) abriu uma investigação por assassinato e tentativa de assassinato relacionada a atividade terrorista e por associação criminosa terrorista.

Outras três pessoas de seu círculo também foram detidas, informou a Pnat neste domingo (3).

O promotor antiterrorismo Jean-François Ricard disse à imprensa que o agressor havia jurado lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI) em um vídeo no início de outubro, onde, falando em árabe, expressou “apoio a jihadistas que operam em diferentes áreas”.

O ataque ocorreu por volta das 21h locais (17h em Brasília) perto da ponte Bir Hakeim, um lugar muito frequentado por turistas devido à sua proximidade com a Torre Eiffel.

Primeiro, o agressor esfaqueou o turista alemão-filipino, de 23 anos. Depois que o jovem morreu, atacou sua mulher, mas um “taxista que viu a cena” permitiu que ela se salvasse, disse o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin.

Pouco depois, atacou com um martelo outras duas pessoas, uma britânica de 66 anos e uma francesa de 60, cujas vidas não estão em perigo, de acordo com a Pnat.

O assassinato desencadeou uma onda de reações.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, se declarou “consternado” neste domingo “pelo ataque terrorista em Paris que matou um alemão e feriu várias pessoas”, em mensagem publicada no X, o antigo Twitter.

“Não cederemos ao terrorismo”, declarou, por sua vez, a primeira-ministra francesa Elisabeth Borne.

O presidente da França, Emmanuel Macron, enviou suas “condolências à família e aos amigos do cidadão alemão” e escreveu no X que seus “pensamentos” estavam com os feridos.

No domingo de manhã, os turistas passeavam tranquilamente aos pés da Torre Eiffel. Alguns não tinham conhecimento do ocorrido, enquanto outros garantiram à AFP que não estavam preocupados com a sua segurança.

– Reivindicação –

O autor do ataque, que já havia sido fichado por atividades de islamismo radical e tinha problemas psiquiátricos registrados, gritou “Allahu Akbar” (“Alá é grande”) antes de ser preso, indicaram fontes policiais.

Ele teria dito aos agentes que já não “podia suportar” ver muçulmanos morrerem “tanto no Afeganistão quanto na Palestina”, disse o ministro Darmanin.

Também teria expressado seu descontentamento com “o que estava acontecendo em Gaza” e que a França era “cúmplice do que Israel estava fazendo” lá, de acordo com o ministro.

O promotor antiterrorismo afirmou que a mãe do agressor havia informado às autoridades que estava preocupada com seu filho, pois ele estava “se fechando em si mesmo”, no final de outubro.

Rajabpour-Miyandoab, cuja família não é religiosa, converteu-se ao Islã aos 18 anos e começou a consumir grandes quantidades de propaganda do EI, segundo a Pnat.

Os investigadores examinarão o acompanhamento médico do autor dos fatos, um homem com um “perfil muito instável e facilmente influenciável”, declarou uma fonte da Segurança à AFP.

O ministro da Saúde, Aurélien Rousseau, esclareceu neste domingo que o agressor estava sob “acompanhamento” psiquiátrico, mas não estava hospitalizado.

Os serviços de inteligência já haviam detido o homem em 2016 por planejar uma ação violenta no distrito empresarial de La Défense, oeste de Paris, apontou uma fonte policial.

A mesma fonte disse à AFP que ele foi condenado a cinco anos de prisão e libertado após quatro anos.

Rajabpour-Miyandoab, que morava com os pais nos subúrbios da capital, postou um vídeo em suas redes sociais reivindicando o ataque, confirmaram fontes policiais e da Segurança à AFP.

Na gravação, ele faz referência à “atualidade, o governo, o assassinato de muçulmanos inocentes”, detalhou a fonte da Segurança.

Os investigadores desconhecem até agora a data em que o vídeo foi gravado, mas garantem que foi publicado “simultaneamente” ao ato, acrescentou.

O ataque ocorre menos de dois meses após o assassinato de um professor em Arras, no norte da França, que elevou o nível de alerta para atentado ao mais alto grau do sistema.

Também acontece oito meses antes dos Jogos Olímpicos de Paris.

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