O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, reconheceu, nesta quinta-feira (13), um aumento dos ataques com explosivos por parte do crime organizado, dos quais o mais recente deixou seis mortos, mas se absteve de classificá-los como terrorismo.

“É uma forma de agressão que se utiliza constantemente, estamos confiscando explosivos constantemente” nos estados de Michoacán, Jalisco (oeste) e Guanajuato (norte), disse López Obrador em sua habitual coletiva de imprensa.

Na noite da última terça-feira, vários explosivos de fabricação artesanal foram ativados na passagem de uma patrulha da polícia e da promotoria no município de Tlajomulco (Jalisco), matando quatro policiais e dois civis. Outras 14 pessoas ficaram feridas, das quais 12 eram moradores.

As autoridades locais atribuíram o atentado ao “crime organizado”. A região serve de base para o Cartel Jalisco Nueva Generación (CJGN), um dos mais poderosos, com presença em vários países.

Em 28 de junho, um atentado com carro-bomba também causou a morte de um membro da Guarda Nacional e outros três feridos na localidade de Celaya (Guanajuato), cenário de confrontos entre facções do narcotráfico.

Somam-se a essas ações ataques com drones carregados com explosivos denunciados pela secretaria de Defesa desde 2021, e a descoberta de minas antipessoais.

Ao ser questionado pelos jornalistas, no entanto, o presidente esquerdista evitou classificar esses atos como terroristas.

O terrorismo “está mais vinculado à política ideológica e também aos fanatismos”, destacou López Obrador, que pediu para “não abrir a porta” a setores “ultraconservadores” dos Estados Unidos que buscam “desculpas, pretextos para vulnerabilizar nossa soberania”.

Congressistas do Partido Republicano pediram que os Estados Unidos declarem os cartéis mexicanos como organizações terroristas e que se permita ao exército combatê-los onde quer que estejam.

Esses legisladores responsabilizam os traficantes mexicanos pela morte de dezenas de milhares de pessoas nos Estados Unidos por overdose de fentanil, um opioide 50 vezes mais potente que a heroína.

“Devemos estar atentos a isso porque há muitos que buscam tirar proveito disso, além dos urubus, há também os falcões”, afirmou López Obrador ao mais uma vez defender uma abordagem que privilegie o investimento social nas áreas onde o narcotráfico atua, em vez da repressão militar.

De acordo com o governo mexicano, até agora em 2023, foram apreendidas cerca de 414 granadas, em comparação com 725 em 2022.

Desde 2006, quando foi iniciada uma ofensiva antidrogas com a participação do Exército e da Marinha, o México acumula cerca de 350.000 assassinatos, a maioria atribuída às organizações narcotraficantes.

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