O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, exigiu nesta quinta-feira (1º) que o governo dos Estados Unidos se desculpe caso não apresente provas de que traficantes de drogas contribuíram financeiramente para sua campanha presidencial de 2006, após a publicação de uma reportagem que cita relatórios americanos.

“Que o governo dos Estados Unidos se manifeste, porque o presidente do México tem autoridade moral e política, e se não tiverem provas, devem se desculpar”, disse López Obrador em sua habitual coletiva de imprensa matutina.

Tim Golden, duas vezes ganhador do prêmio de jornalismo Pulitzer, publicou na terça-feira uma investigação na ProPublica intitulada: “Narcotraficantes contribuíram com milhões de dólares para a primeira campanha eleitoral do presidente mexicano López Obrador?”.

De acordo com essa reportagem, “agentes antidrogas dos Estados Unidos descobriram o que consideravam evidências sólidas de que importantes narcotraficantes haviam entregado cerca de 2 milhões [de dólares, cerca de R$ 4,35 milhões, na cotação da época] a operadores políticos” na primeira das três campanhas presidenciais de López Obrador, que acabou eleito em 2018.

Segundo o texto, que cita agentes antidrogas dos Estados Unidos, os criminosos pertenciam ao cartel de Sinaloa e buscavam que um eventual governo de López Obrador facilitasse suas operações.

“Como podemos estar sentados à mesa [diplomática] falando sobre o combate às drogas, se eles ou uma instituição deles está vazando informações e me prejudicando! Não a mim, mas ao que eu represento”, acrescentou o presidente nesta quinta.

Desde quarta-feira, López Obrador começou a rejeitar a publicação, exigindo que o Departamento de Estado dissesse “se é verdade ou não” que ele recebeu dinheiro do tráfico de drogas.

Uma reportagem semelhante à de Golden também foi publicada na terça-feira pela jornalista mexicana Anabel Hernández no portal alemão DW. Ambos os trabalhos se baseiam em entrevistas com agentes dos Estados Unidos e testemunhas protegidas.

López Obrador alega que essas denúncias fazem parte dos ataques de seus adversários frente às eleições presidenciais de 2 de junho, nas quais a favorita, segundo as pesquisas, é a candidata governista Claudia Sheinbaum.

Em uma entrevista ao jornal americano La Opinión, Golden disse que sua reportagem não representa uma acusação.

“Não estamos dizendo que há evidências inegáveis, contundentes, de que essas doações foram feitas […] Parece-nos que a informação não é conclusiva, não houve um processo judicial que validasse essa informação de forma definitiva”, disse o jornalista.

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