A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu nesta quinta-feira (30) que a postura da China sobre a guerra da Ucrânia será um “fator determinante” no futuro de sua relação com a União Europeia (UE).

“Devemos ser francos. A forma como a China continuar a interagir com a guerra de (Vladimir) Putin será um fator determinante para o futuro das relações UE-China”, disse Von der Leyen em um discurso em um centro de pesquisas políticas.

Von der Leyen tem uma viagem programada à China na próxima semana com o presidente da França, Emmanuel Macron. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, iniciou nesta quinta-feira uma visita a Pequim e deve ser reunir na sexta-feira com o presidente Xi Jinping.

Em seu discurso, Von der Leyen repassou a história das relações com a China e examinou o futuro dos contatos após a guerra na Ucrânia.

Ela recordou que o presidente chinês Xi Jinping fez recentemente uma visita à Rússia e não foi explícito em sua condenação à invasão russa da Ucrânia.

“Longe de estar frustrado com a atroz e ilegal invasão da Ucrânia, o presidente Xi mantém sua ‘amizade sem limites’ com a Rússia de Putin”, lamentou Von der Leyen.

“Como membro permanente do Conselho de Segurança, a China tem uma responsabilidade de resguardar os princípios e valores da Carta da ONU. E tem a responsabilidade de desempenhar um papel construtivo no avanço de uma paz justa”, expressou.

Ao comentar a proposta de paz apresentada pela China para o conflito na Ucrânia, Von der Leyen destacou que apenas Kiev pode definir “os termos de uma paz justa, que requer a retirada de tropas” de seu território.

“Qualquer plano de paz que consolide as anexações russas (de territórios da Ucrânia) simplesmente não é um plano viável”, disse.

Ao mesmo tempo, Von der Leyen destacou que a UE não pode dar as costas a um ator internacional da magnitude da China.

“Nossas relações não são apenas preto ou branco. E nossas respostas tampouco. Por isso, nós temos que nos concentrar em eliminar os riscos da relação, não em desconectar”, disse.

Uma desconexão da China “não é viável, nem é do interesse da Europa”.

A China, acrescentou Von der Leyen, é “um sócio comercial fundamental” para a UE.

– Sánchez condena invasão –

Durante a visita à China, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, condenou a “agressão brutal e ilegal” da Rússia contra a Ucrânia, mas elogiou os esforços diplomáticos de Pequim, que apresentou uma proposta de paz para a guerra.

“A humanidade enfrentando desafios globais de uma escala sem precedentes: a emergência climática, a pandemia e a agressão brutal e ilegal da Rússia contra a Ucrânia”, afirmou Sánchez na presença do primeiro-ministro chinês Li Qiang.

“É essencial reconstruir a confiança por meio do diálogo, da solidariedade e da cooperação. Neste sentido, celebro a intensificação dos contatos diplomáticos das autoridades chinesas com líderes de todo o mundo. Reflete um alto grau de responsabilidade”, disse.

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