Fantasiados e prontos para a batalha, cerca de 10.000 fãs de Pokémon participam, neste fim de semana no Japão, do campeonato mundial do jogo em busca de diversão, mas também de itens colecionáveis que podem valer muito dinheiro.

Desde o lançamento, em 1996, do jogo de cartas do Pokémon, após o sucesso mundial do jogo de videogame de mesmo nome, 53 bilhões de cartas foram impressas.

E quase três décadas depois, o jogo continua extremamente popular entre seus seguidores, que se desafiam com cartas que representam diferentes criaturas e suas habilidades distintas.

No Campeonato Mundial de Pokémon, realizado pela primeira vez na cidade de Yokohama, no Japão, os melhores jogadores de cartas e videogames competirão por dinheiro diante de milhares de espectadores.

– Valor em alta –

O ratinho Pikachu, o balão Jigglypuff e a tartaruga Squirtle estão entre os mais de 1.000 tipos diferentes de Pokémon e novas “gerações” são adicionadas com regularidade.

Embora desde o início tenham sido trocadas e colecionadas, o valor das cartas disparou nos últimos anos, tanto entre os fãs quanto entre os investidores que têm pouco ou nenhum interesse no jogo.

Os fatores que determinam seu valor são a sua raridade, o personagem (Mew, Mewtwo, Pikachu e Charizard costumam ser os mais valorizados) e o artista que as desenhou, o que é indicado na carta.

Diversos sites surgiram para ajudar as pessoas a entender a grande variedade de cartas e suas várias edições, com gráficos que mostram seu valor ao longo do tempo.

A venda mais cara ocorreu em 2021, quando o youtuber norte-americano Logan Paul pagou a um vendedor “misterioso” em um quarto de hotel em Dubai 5,28 milhões de euros (aproximadamente 33 milhões de reais, em valores da época) por uma suposta carta única de Pikachu.

No ano seguinte, o youtuber de 28 anos compareceu a um evento de luta livre WWE (World Wrestling Entertainement) no Texas com a carta pendurada no pescoço, dentro de uma caixa protetora de plástico, presa a uma corrente de ouro.

– Brigas e roubos –

Hiroshi Goto é um especialista em cartas Pokémon e escreveu um livro com dicas sobre como ganhar dinheiro com elas.

Quando ele administrava uma loja de venda de cartas nos anos 2000, seus clientes eram principalmente “estudantes com seus pais, que participavam de torneios juntos”.

No entanto, após o 20º aniversário do lançamento do jogo, em 2016, “a percepção das cartas evoluiu de serem apenas brinquedos para crianças para se tornarem itens valorizados por adultos, peças de colecionador com valor tangível”.

A demanda é tão grande que a Pokémon Company teve que aumentar a produção.

Também houve casos de brigas físicas por causa das cartas no Japão e nos Estados Unidos, roubos em lojas que as comercializam e um fenômeno crescente de falsificação.

O youtuber Logan Paul, por exemplo, explicou em um de seus vídeos que em 2021 pagou 3,75 milhões de dólares (cerca de 21 milhões de reais, em valores da época) por uma caixa “selada e autenticada” que na verdade continha cartas de “G.I. Joe”.

– Trabalhar jogando cartas –

Além da competição, o encontro em Yokohama também serve para que os colecionadores troquem ou vendam suas cartas.

Todas as cartas são cuidadosamente concebidas e projetadas no mesmo local, nos escritórios da Creatures Inc., em Tóquio, proprietários da Pokémon Company, juntamente com a Nintendo e a Game Freak.

A empresa tem 18 funcionários, que passam o dia de trabalho jogando cartas para garantir que as novas criações se adaptem bem ao restante da coleção.

Mas, “nunca contratamos gente das competições”, explica Kohei Kobayashi, outro diretor da Creatures. “Queremos deixar os bons jogadores onde estão, ali onde brilham”.

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