Papa dá 1º passo para beatificar Gaudí, ‘arquiteto de Deus’

VATICANO, 14 ABR (ANSA) – O papa Francisco aprovou nesta segunda-feira (14) o decreto que reconhece as “virtudes heroicas” do catalão Antonio Gaudí (1852-1926), arquiteto da icônica Basílica da Sagrada Família em Barcelona, e o coloca no caminho da santidade.   

O Vaticano proclamou o catalão “venerável” e deu o primeiro passo para ele se tornar um santo católico romano, segundo comunicado oficial da Santa Sé. Esta é uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade. Já para a beatificação, será necessária a aprovação de um milagre atribuído à intercessão do venerável.   

Este é o primeiro ato do tipo anunciado pelo Pontífice desde que deixou o hospital em Roma, após cinco semanas lutando contra uma pneumonia bilateral. O decreto tornou-se público após reunião entre o argentino e o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, Marcello Semeraro.   

Apelidado de “Arquiteto de Deus”, Gaudí é o criador da Basílica da Sagrada Família em Barcelona, em construção há mais de um século e consagrada em 2010 pelo então papa Bento XVI (1927-2023), o que abriu caminho para tornar-se um local de culto.   

Considerado o maior expoente do modernismo catalão, o arquiteto morreu em 10 de junho de 1926, aos 74 anos, após ser atropelado por um bonde depois de sair da obra. Ele está no centro de uma iniciativa – promovida por um comitê de 30 eclesiásticos, acadêmicos, designers e arquitetos – para ser proposto para beatificação e canonização.   

O arcebispo de Barcelona, cardeal Ricardo María Carles Gordó, iniciou o processo de canonização em 1998, definindo Gaudí como “leigo místico”. Em 2013, concluída a fase diocesana, a documentação foi enviada à Santa Sé – o processo de beatificação suscitou então discussões entre aqueles que gostariam que Gaudí fosse lembrado essencialmente por suas obras e sua influência artística e aqueles que lembram sua vida cristã coerente.   

Imbuído de uma fé profunda, Gaudí, insatisfeito apenas com as obras civis, quis dedicar-se exclusivamente à obra da Sagrada Família a partir de 1914. A construção monumental e complexa, ainda em andamento hoje, absorveu suas energias até sua morte.   

(ANSA).