Com o argumento de que a corrupção imperaria sobre o governo, as doações oficiais da iniciativa privada foram proibidas de serem repassadas para as campanhas eleitorais a partir de 2016. De lá para cá, os casos de corrupção continuam tão acelerados quanto antes. Nada mudou. Os conluios entre contratos de governo e empresas prestadoras de serviço mantêm os mesmos parâmetros. Há, inclusive, o custo para trabalhar para o estado. Invariavelmente uma obra pública é mais cara do que uma obra privada.

A solução de se implantar o financiamento público das campanhas políticas é controversa. Os legisladores criaram um monstro que consumirá, nesse ano, algo em torno de R$ 5 bilhões. Muito dinheiro será colocado nas campanhas e outra grande parte, como sugerem investigações da Justiça, vai acabar no bolso de políticos que sobrevivem dessas verbas públicas e que não são fiscalizados com o rigor necessário. Quem decide sobre o assunto são exatamente os políticos em comando nas casas legislativas, diretamente beneficiados pelas verbas dos fundos públicos de financiamento das campanhas. É raposa tomando conta do galinheiro. A lógica é manter quem está no poder sem qualquer renovação.

Quanto às candidaturas, não há uma divisão equilibrada dos recursos entre os candidatos. É comum um parlamentar receber R$ 1 milhão, enquanto o seu oponente, no mesmo partido, recebe R$ 100 mil. A chance real de um novo candidato parlamentar superar outro com verba maior é quase que nula. Exceto quando traz recursos ilegais, de caixa dois, por exemplo. Parece ironia, mas a única forma de equilibrar o jogo é apelando para malfeitos na arrecadação de dinheiro para a campanha. Esse é o sistema em vigor há décadas no Brasil.

O saco sem fundo das verbas está criando uma nova classe de políticos. Eles não têm qualquer qualidade para discutir os problemas nacionais, conhecem muito bem os esquemas para a corrupção e ignoram o diálogo com os principais atores sociais. De dentro das intermináveis reuniões políticas eles sabem que nada pode responsabilizá-los. Eles não têm nada a perder, só a ganhar. Há que se rediscutir as verbas seja no valor, na distribuição e na fiscalização.