O transporte marítimo em frente ao litoral do Iêmen foi mais uma vez alvo de ataques dos rebeldes huthis nesta segunda-feira (19), uma situação que levou a UE a anunciar uma missão naval para proteger a navegação na região.

Os rebeldes huthis do Iêmen, grupo insurgente que controla grandes áreas do território iemenita com apoio do Irã, têm realizado desde novembro uma série de ataques na rota do Mar Vermelho, uma via crucial para o transporte marítimo global.

Os insurgentes asseguram que atuam em solidariedade aos palestinos da Faixa de Gaza, onde Israel trava uma guerra sangrenta contra o movimento islamista Hamas, em represália ao ataque de 7 de outubro em território israelense.

Os incidentes resultaram em uma queda de receitas entre 40% e 50% no Canal de Suez, que conecta o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, afirmou, nesta segunda, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi.

Também nesta segunda, foram reportados novos ataques contra a navegação nessa região.

Os huthis atacaram “um navio britânico no Golfo de Áden, o ‘Rubymar’, com mísseis navais”, informou o porta-voz militar dos rebeldes, Yahya Saree, em um comunicado.

Por sua vez, a empresa de segurança marítima Ambrey informou um ataque contra um “cargueiro com bandeira de Belize, matrícula do Reino Unido e operado pelo Líbano” no estreito de Bab el Mandeb, que conecta o Mar Vermelho com o Golfo de Áden.

O barco, que navegava para o norte a partir dos Emirados Árabes Unidos, ia para a cidade búlgara de Varna.

A Unidade de Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO) indicou que um navio que se encontrava a 35 milhas náuticas (65km) do porto iemenita de Moca reportou “uma explosão perto dali que causou danos”. Segundo a agência, a tripulação foi evacuada e não houve feridos.

Os huthis também reivindicaram a derrubada de um avião americano MQ-9. Washington ainda não confirmou a informação.

Um navio americano com bandeira grega relatou nesta segunda-feira ter sofrido um “ataque com mísseis” no Golfo de Áden, e que outro projétil caiu no mar a poucos metros da embarcação, informou a Ambrey.

“O navio relatou um projétil que atingiu a água a cerca de 10-15 metros”, disse o relatório. “Duas horas antes, a embarcação relatou um primeiro incidente.”

Não houve relatos de feridos ou danos ao navio, que continuou sua rota, conforme informou a Ambrey.

A UKMTO indicou “uma explosão muito próxima ao navio”, sem feridos ou danos.

Mais tarde, os insurgentes afirmaram ter atacado “dois navios americanos” no Golfo de Áden, com “vários mísseis”. Segundo os huthis, os alvos foram as embarcações “Sea Champion” e “Navis Fortuna”.

– Missão naval da UE –

O ministro de Energia do Catar, Saad al Kaabi, pediu nesta segunda-feira um cessar-fogo em Gaza para pôr fim à insegurança no Mar Vermelho, argumentando que “a raiz” do problema é “a invasão israelense de Gaza”.

“Esperamos que em breve ocorra um cessar-fogo que ponha fim a essa situação para que cesse o impacto econômico em todo o mundo”, declarou em coletiva de imprensa.

Em resposta aos ataques dos huthis, os Estados Unidos lançaram em dezembro uma força multinacional para proteger a navegação no Mar Vermelho e a União Europeia anunciou formalmente nesta segunda-feira o lançamento de sua própria missão, com duração de um ano, embora possa ser prorrogada.

Essa missão poderá abrir fogo para defender os navios ou a si própria, mas não poderá apontar contra alvos em terra, como posições dos rebeldes huthis, revelaram diplomatas europeus.

Vários países anunciaram seu desejo de participar da missão, como Bélgica, Itália, Alemanha e França. A Espanha, no entanto, indicou que não fará parte da iniciativa.

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