O candidato oficialista Lai Ching-te venceu as eleições presidenciais em Taiwan neste sábado (13) e prometeu defender a ilha das “intimidações” da China, que imediatamente reiterou sua intenção de “reunificar” o país, separado de fato desde 1949.

Lai, atual vice da presidente Tsai Ing-wen (no poder desde 2016), obteve 40,1% dos votos, de acordo com a contagem quase definitiva da Comissão Eleitoral Central, garantindo ao Partido Democrático Progressista (DPP) um terceiro mandato consecutivo.

Essas eleições ocorreram sob a sombra das ameaças da China, a potência comunista asiática e segunda maior economia mundial, que considera esta ilha como parte de seu território e nunca deixou de externar sua intenção de “reunificar” o país, mesmo que seja necessário usar a força.

“Estamos determinados a proteger Taiwan das ameaças contínuas da China”, disse Lai Ching-te em seu discurso de vitória. “Estamos dizendo à comunidade internacional que, entre democracia e autoritarismo, estaremos do lado da democracia”, acrescentou o político, que assumirá a presidência em maio.

Seu principal adversário, Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), que defende uma abordagem mais próxima de Pequim, admitiu sua derrota e afirmou que respeita “a decisão final do povo taiwanês”.

A China, que antes das eleições descreveu Lai como um perigoso “separatista”, afirmou após o anúncio dos resultados que a votação “não impedirá a tendência inevitável para a reunificação” do país.

“Nos oporemos firmemente às atividades separatistas visando à independência de Taiwan, assim como à interferência estrangeira”, afirmou Chen Binhua, porta-voz do escritório chinês responsável pelas relações com Taiwan.

O Exército chinês prometeu na sexta-feira “esmagar” qualquer tentativa de “independência” de Taiwan, localizada a 180 km do continente.

Taiwan e a China continental estão separados de fato desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram as forças nacionalistas, que se refugiaram na ilha e impuseram uma autocracia que se transformou em uma democracia na década de 1990.

Essas eleições foram acompanhadas de perto tanto pela China quanto pelos Estados Unidos, principal aliado militar de Taiwan, pois as duas potências competem para ampliar sua influência nesta região estratégica do planeta.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, parabenizou Lai e Taiwan por seu “sólido sistema democrático”. No entanto, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou a posição tradicional de Washington e afirmou: “Não apoiamos a independência” da ilha.

Os Estados Unidos apoiam Taiwan, mas mantêm relações diplomáticas plenas com a China, que exige que os países que estabelecem relações com Taipé não tenham laços com Pequim. A União Europeia parabenizou “todos os eleitores” que participaram deste exercício democrático.

– Sem maioria parlamentar –

Lai, de 64 anos, prometeu durante a campanha seguir o caminho da presidente Tsai Ing-wen, que governou por dois mandatos (2016-2024) marcados pela crescente pressão diplomática, econômica e militar de Pequim.

“Confio que os novos líderes sigam o caminho de Tsai e espero que possam salvaguardar a democracia de Taiwan”, declarou Grace, uma jovem de 21 anos que comemorou a vitória de Lai na sede do DPP.

Em seus comícios, Lai se apresentou como defensor do estilo de vida democrático de Taiwan, que considera como um Estado independente de fato.

As posições soberanistas de Lai e da presidente Tsai são criticadas pela oposição do Kuomintang, que os acusa de irritar a China.

Diante desses dois partidos que se alternaram no poder desde o início da democracia taiwanesa, o Partido Popular de Taiwan (PPT) se apresentou como uma “terceira via”, e seu candidato, Ko Wen-je, obteve 26,4% dos votos.

Além de escolher o presidente, os taiwaneses renovaram seu Parlamento, e nas legislativas o partido no poder perdeu sua maioria. A oposição do KMT obteve 52 assentos, o partido no poder 51 e o PPT oito legisladores, além de dois independentes.

– Território estratégico –

As eleições parecem ter despertado interesse na rede social chinesa Weibo, onde a hashtag “Eleições Taiwan” se tornou uma das mais populares antes de ser bloqueada.

A ilha é crucial para a economia global, tanto por sua posição estratégica entre o Mar da China Meridional e o Oceano Pacífico quanto por sua indústria de semicondutores, componentes essenciais em telefones, carros ou mísseis.

Nos últimos anos, a China aumentou a pressão militar sobre o território, realizando manobras em grande escala que alimentaram o temor de uma invasão. Também intensificou sua campanha diplomática para isolar Taiwan, que agora é reconhecido oficialmente por apenas 13 Estados, depois que países como Honduras e Nicarágua romperam relações com Taipé para estabelecê-las com Pequim.

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