O Ibovespa retomou trajetória moderadamente positiva após a leve pausa do dia anterior, quando vinha de quatro ganhos seguidos. Na máxima desta quarta-feira, 22, foi a 126.875,11 pontos, maior nível intradia desde 16 de julho de 2021, então a 128.010,15 pontos. O Ibovespa fechou hoje aos 126.035,30 pontos, em leve alta de 0,33%, conseguindo, assim, sustentar marca não vista em encerramento desde 28 de julho de 2021. O giro foi a R$ 27,0 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa sobe 1,01%, com ganho no mês a 11,39% e, no ano, a 14,85%.

O índice da B3 chegou a perder a linha dos 126 mil pontos no meio da tarde, quando o Ministério do Planejamento divulgou boletim bimestral com atualização de projeções, que trouxe aumento da estimativa de déficit primário para 2023, de R$ 141,4 bi para R$ 177,4 bilhões – revisão mal recebida pelo mercado, com reflexo também em outras classes de ativos, como os juros futuros. Até então, a mínima do dia correspondia ao nível de abertura, aos 125.626,20, mas a piora de percepção dos investidores levou o Ibovespa a flertar com o negativo na sessão, atingindo os 125.439,03 pontos, em leve baixa de 0,15%, no pior momento da tarde.

“O Ibovespa subia quase 1% no começo da manhã, mas perdeu força ainda na virada para a tarde, puxado por Vale e Petrobras. À tarde, logo depois do aumento da projeção de déficit primário para 2023, a Bolsa piorou, com redução também na projeção do PIB para 2024, de alta de 3,16% para 3,04%. Em Nova York, o dia foi também de ganhos moderados, com os balanços do terceiro trimestre e a ata de ontem do Fed”, diz Rafael Gamba, assessor da Blue3 Investimentos.

“Aqui, o mercado reagiu bem a declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, (na noite de ontem, em entrevista à TV Bloomberg), de que há condições para que a Selic continue a ser cortada”, acrescenta o analista.

“Petrobras, em dia de ajuste negativo para o petróleo, e Vale (ON -1,10%) impediram um ganho maior do Ibovespa na sessão, dando uma segurada no índice desde a manhã. Esses ativos estão ex-dividendos hoje, ou seja, quem dormiu de ontem para hoje com os papéis ficou elegível para receber dividendos, e hoje vem uma realização natural e saudável, na passagem da data com para a data ex”, diz Gabriel Mota, assessor de renda variável da Manchester Investimentos, acrescentando que, à tarde, o aumento da projeção de déficit primário para 2023 trouxe um “pouco de ruído” e volatilidade.

Petrobras, contudo, ainda que tenha mantido o sinal negativo, fechou a quarta-feira na máxima do dia, com a ON em baixa de 0,08% e a PN, de 0,17%, o que tirou pressão do Ibovespa e assegurou que o índice encerrasse um pouco acima dos 126 mil.

“O mercado piorou após o governo ter ampliado a previsão de déficit primário para este ano. O Ibovespa, que subia cerca de meio por cento após a aprovação da tributação de fundos exclusivos e offshore na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado – e também dos sites de apostas -, chegou a zerar os ganhos e fechou o dia um pouco acima da estabilidade, depois de ter batido, mais cedo, nos 126,8 mil pontos, na máxima da sessão”, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

Ainda assim, o mês de novembro tem se destacado pela “forte valorização da bolsa brasileira, com 10 pregões positivos entre os 14 do mês até o momento, acompanhada por uma significativa entrada de capital estrangeiro”, observa Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos. No mês, até o dia 20, houve entrada de R$ 12,389 bilhões, resultado de R$ 195,055 bilhões em compras, e vendas de R$ 182,666 bilhões. No acumulado do ano, o capital externo está positivo em R$ 18,757 bilhões.

“O desempenho ainda otimista reflete uma sequência de maior apetite por risco entre os investidores, em contexto em que se intensificam as apostas em possível pico nas taxas de juros globais”, aponta a analista da Nova Futura. “Investidores já começam a apostar em quedas dos juros a partir de março, o que tem se refletido no aumento do apetite por risco. Nosso cenário base é de que o Fed manterá as taxas de juros inalteradas nas próximas reuniões, iniciando uma queda a partir do terceiro trimestre do próximo ano”, diz Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para IRB (+6,19%), Marfrig (+5,58%) e JBS (+4,04%), com Cemig (-9,71%), MRV (-3,40%) e Magazine Luiza (-2,35%) no canto oposto.