Elon Musk anunciou, nesta sexta-feira (12), a nomeação de Linda Yaccarino, até então diretora de publicidade do grupo NBCUniversal, como a nova diretora-executiva do Twitter, seis meses depois de adquirir a rede social, da qual, porém, ele manterá o controle.

“Estou encantado em dar boas-vindas a Linda Yaccarino como a nova CEO do Twitter!”, disse Musk em sua plataforma, onde possui a conta com mais seguidores.

“Ela se concentrará principalmente nos negócios, enquanto eu cuidarei do design de produto e das novas tecnologias”, tuitou.

Na quinta-feira, o acionista majoritário do Twitter já havia anunciado que tinha contratado uma mulher para dirigir a empresa, e especificou que ele se tornaria “presidente-executivo do conselho de administração e diretor de tecnologia, supervisionando as operações de produtos, software e sistemas”.

Mais cedo nesta sexta, a NBCUniversal divulgou um comunicado informando que Yaccarino havia renunciado a seu cargo.

Durante os 12 anos de serviço nesta subsidiária do grupo empresarial de telecomunicações Comcast, Yaccarino contribuiu para unificar os meios de comunicação do grupo em uma única plataforma publicitária, a fim de simplificar a oferta para os anunciantes.

Além disso, ela trabalhou para melhorar os indicadores de eficácia publicitária.

Com mais de 30 anos de carreira na publicidade televisiva, a executiva deve agora levar sua experiência para a rede do passarinho azul, bem como uma ampla rede de contatos, no momento em que o Twitter está perdendo anunciantes.

– ‘Louco o suficiente’ –

Há algumas semanas, Yaccarino entrevistou Musk, que também é dono das empresas Tesla e SpaceX, em uma conferência de marketing em Miami. “As pessoas nesta sala representam o seu caminho para a lucratividade, mas muitas delas são céticas”, disse ela, apontando para o público de anunciantes.

“O quê?!”, brincou Musk. “Ele não sabe disso. O cara trabalha no espaço. Não sabe o que está acontecendo aqui”, continuou ela.

Desde que Musk assumiu o controle do Twitter no final de outubro, muitos anunciantes abandonaram a rede, receosos com a gestão imprevisível do novo dono e diante da incerteza sobre a moderação de conteúdo.

O magnata demitiu mais de dois terços do quadro de funcionários, permitiu o retorno de personalidades controversas que haviam sido expulsas da plataforma e mudou o sistema de verificação de contas.

Em dezembro, Musk realizou uma enquete perguntando aos usuários do Twitter se ele deveria renunciar. Entre os mais de 17 milhões que responderam à pesquisa, 57% disseram que sim.

Após algumas evasivas, como alegar que o resultado foi influenciado por um exército de contas automatizadas, Musk por fim tuitou que sairia quando encontrasse “alguém louco o suficiente” para sucedê-lo.

“Yaccarino é exatamente o que o Twitter precisa para recuperar a confiança dos anunciantes e atrair novamente as grandes marcas. Ela também vai trazer de volta o profissionalismo que foi perdido com Musk”, explicou Jasmine Enberg à AFP.

Contudo, esta especialista da empresa de pesquisa de mercado Insider Intelligence ressalta que a tarefa não será fácil, sobretudo em matéria de moderação de conteúdo, um tema mais complicado na internet do que nas emissoras de televisão, onde o que é dito é mais “previsível”.

– ‘Lunático e imprevisível’ –

“Sua capacidade de mudar as coisas no Twitter dependerá, em grande medida, de Musk e do poder que ele lhe conceder. Os dois têm uma boa relação, mas ele é lunático e imprevisível”, disse a especialista.

“A pessoa contratada para dirigir o Twitter merece nossa simpatia e pena”, comentou, por sua vez, o analista independente Rob Enderle. “Não será fácil arrumar uma empresa que foi tão prejudicada por seu chefe”, frisou.

No mês passado, o bilionário mudou o nome da empresa para “X Corp”. Ele fala regularmente sobre seu projeto de transformar o Twitter em um aplicativo multifacetado, com serviços financeiros, como o WeChat na China.

“Estou ansioso para trabalhar com Linda para transformar esta plataforma em X, o aplicativo multiúso”, tuitou Musk nesta sexta.

O Twitter deve faturar menos de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) em 2023, quase um terço menos do que em 2022, segundo a Insider Intelligence.

No fim de março, o magnata estimou o valor do Twitter em 20 bilhões de dólares (cerca de R$ 100 bilhões) menos da metade dos US$ 44 bilhões (cerca de R$ 235 bilhões, na cotação de 27/10/2022) que ele pagou para adquirir a empresa, segundo um documento interno ao qual diversos veículos da imprensa americana tiveram acesso.

Contudo, “parece que alcançaremos o ponto de equilíbrio no segundo trimestre” de 2023, tuitou o magnata.

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