A Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa (JAXA) anunciou nesta segunda-feira, 29, que o módulo lunar SLIM (Smart Lander for Investigating Moon) retomou as operações, o que sugere que conseguiu restaurar o fornecimento de energia.

“Imediatamente começamos as observações científicas com a MBC (câmera espectroscópica multibanda) e obtivemos a primeira luz para observação de 10 bandas”, acrescentou a agência.

O anúncio é uma boa notícia para o programa espacial japonês, nove dias após o pouso do módulo na superfície lunar no ângulo equivocado, com poucas horas de energia restante.

O módulo SLIM realizou um pouso histórico a 55 metros de seu alvo inicial, um alto grau de precisão, o que tornou o Japão apenas o quinto país a conseguir pousar na Lua, depois de Estados Unidos, União Soviética, China e Índia.

Três horas depois da alunissagem, no entanto, a JAXA decidiu desligar o SLIM, que tinha apenas 12% de energia restante, para permitir uma possível retomada das operações com a mudança do ângulo solar.

Missão japonesa

O módulo concretizou o objetivo de pousar a 100 metros de seu alvo, uma precisão muito maior do que outras alunissagens, que segundo especialistas geralmente têm margem de vários quilômetros.

SLIM deveria pousar em uma cratera, na qual se acredita ser possível acessar o manto da Lua, a camada abaixo da crosta que normalmente é encontrada em grande profundidade.

Duas sondas se separaram com sucesso, segundo a JAXA, uma delas com um transmissor e outra projetada para percorrer a superfície lunar e enviar imagens de volta à Terra.

Este pequeno veículo espacial, um pouco maior do que uma bola de tênis, foi desenvolvido em conjunto com a empresa que criou os brinquedos Transformer.

O módulo não tripulado foi lançado no dia 7 de setembro de 2023, com o intuito de pesquisar a tecnologia de pouso necessária para futuras missões espaciais no Sistema Solar, de acordo com a Jaxa. Foi apenas no sábado, 14, que o equipamento realizou a fase de preparação para descida e ficou pronto para iniciar a fase de alunissagem.

“Ao criar o módulo de pouso SLIM, os humanos farão uma grande mudança no sentido de que poderemos pousar onde quisermos e não apenas onde for fácil”, afirmou a Jaxa, complementando que ao conquistar o sucesso na missão, será possível aterrissar em planetas com recursos ainda mais escassos do que a Lua. Outro objetivo do projeto japonês é permitir que tais explorações sejam mais frequentes.

O SLIM tem cerca de 2,4 metros de altura, 1,7 de comprimento e 2,7 de largura, e utilizou um processo de alunissagem na vertical, se estabilizando em uma posição horizontal após entrar em contato com o solo. O pouso foi planejado para ocorrer próximo à cratera Shioli, na qual se acredita ser possível acessar o manto da Lua, a camada abaixo da crosta que normalmente é encontrada em grande profundidade.

De acordo com a Jaxa, o objetivo agora é desvendar as origens da Lua por meio de análises das rochas que serão coletadas pelo aparelho.

Pesquisas na Lua

Rússia, China e outros países, da Coreia do Sul aos Emirados Árabes Unidos, também têm projetos para pousos na Lua.

O módulo lunar Peregrine, da empresa americana Astrobotic, começou a perder combustível depois da decolagem este mês, o que encerrou a missão.

A Nasa também adiou suas missões lunares tripuladas do programa Artemis.

As duas missões lunares anteriores do Japão, uma pública e outra privada, fracassaram.

Em 2022, o país lançou, sem sucesso, uma sonda lunar chamada Omotenashi como parte da missão americana Artemis 1.

Em abril do ano passado, a startup japonesa ispace tentou, sem sucesso, tornar-se a primeira empresa privada a conseguir um pouso na Lua, mas perdeu a comunicação com a sua nave após uma “pouso forçado”.