O presidente da Argentina, Javier Milei, rejeitou nesta sexta-feira (16) estabelecer um novo salário mínimo que compense a inflação anual de 250% e previu um “rebote” na economia de seu país após um período ainda “mais difícil” nos próximos dois meses.

“Não acredito que um político possa definir um preço à mão. Nem passa pela minha cabeça. Eu vou emitir um decreto fixando um preço?”, disse Milei, após o fracasso do Conselho do Salário Mínimo em aumentar o valor atual de 156 mil pesos (928 reais, no câmbio oficial atual).

A CGT, principal central sindical argentina, de orientação opositora, solicitou no Conselho um aumento de 85% no salário mínimo, mas o governo de extrema direita rejeitou a opção legal de fixar um novo valor por decreto diante da falta de acordo.

Para Milei, que se autodefine como “anarcocapitalista”, a fixação de um salário mínimo é “uma questão que deve ser abordada por trabalhadores e empregadores”, sem intervenção do Estado.

O governo anunciou nesta sexta um aumento de 311% na Alocação de Ajuda Escolar para 7,3 milhões de crianças, que receberão 70 mil pesos (418 reais) para despesas no início do ano letivo, em março.

Após a desvalorização de 50% do peso, a liberação dos preços na economia e fortes altas nas tarifas que continuarão nos próximos meses, a inflação de janeiro alcançou 20,6% e a interanual 254,2%, levando a cesta básica alimentar a 285.561 pesos (1.705 reais), segundo dados oficiais.

O presidente reafirmou o rumo econômico de seu governo e previu que dentro de três meses o país começará a se recuperar.

“Vai ter uma espécie de ‘V’, um primeiro trecho caindo, com o momento mais difícil em torno de março-abril, quando toca o fundo e começa a rebater, e quando o embargo [restrições ao acesso ao dólar mantido desde 2019] for levantado, a economia dispara para frente”, declarou, citando estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A Argentina mantém um programa de crédito de 44 bilhões de dólares (218,5 bilhões de reais) com o FMI, que havia caído com o governo anterior e foi retomado por Milei assim que assumiu.

“O FMI estima que se continuarmos fazendo isso, podemos limpar o balanço do Banco Central e levantar o embargo até o meio do ano”, disse Milei, que nesta semana reafirmou que sua promessa de dolarizar a economia está “cada vez mais próxima” de se concretizar.

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