O presidente Michel Temer negou com veemência nesta sexta-feira (27) os relatos que o acusam de ter lavado dinheiro de propina por meio da reforma de propriedades de familiares e de transações imobiliárias em nome de terceiros.

O jornal Folha de S.Paulo assegurou nesta sexta que a Polícia Federal investiga Temer por supostamente lavar dinheiro por meio de casas pertencentes a sua esposa Marcela e a seu filho pequeno, entre outros familiares, dentro de um esquema no qual estão envolvidos vários de seus amigos próximos.

Os investigadores acreditam que um dos acusados, o coronel reformado João Baptista Lima, era seu intermediário e foi quem entregou a Temer propinas de ao menos dois milhões de reais em 2014, informou a Folha.

Os subornos supostamente eram pagos pela empresa de fretes marítimos Rodrimar em troca de concessões no Porto de Santos.

Entretanto, o jornal O Globo reportou que a Polícia interrogará uma das filhas do presidente, Maristela Temer, na próxima quarta-feira. Uma casa em seu nome em São Paulo está sob suspeita de ter sido usada para lavar dinheiro.

Essas investigações fazem parte de uma causa que está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga se Temer recebeu propina para emitir um decreto em maio de 2017 com o objetivo de beneficiar empresas do setor portuário.

Nesta sexta-feira, em uma mensagem televisionada, o presidente negou as “mentiras que são lançadas contra” a sua “honra”.

“Só um irresponsável, mal intencionado, ousaria tentar me incriminar, a minha família, meu filho de 9 anos de idade, como lavadores de dinheiro”, manifestou.

“Trabalho há quase 60 anos”, disse Temer. “Qualquer professor de Matemática, consegue concluir que ao longo do tempo eu obtive recursos suficientes para comprar os imóveis que comprei e reformar os imóveis que reformei”, acrescentou.

A prisão em março de colaboradores próximos de Temer apertou ainda mais o cerco ao presidente, que tem imunidade até o final de seu mandato, no fim deste ano.

Em 2017, Temer foi denunciado duas vezes por corrupção, mas foram arquivadas pelo Congresso e lhe permitiram manter sua imunidade.

Dezenas de políticos poderosos caíram no âmbito da Operação Lava Jato, um megaescândalo que mostrou como os políticos brasileiros sistematicamente concediam contratos de empresas públicas a certas companhias em troca de propinas milionárias.

No início de abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão acusado de receber um tríplex da construtora OAS no escândalo da Petrobras.