O ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Marcos Lisboa afirmou nesta segunda-feira, 28, que vê com preocupação o direcionamento que o governo está dando para a questão fiscal, temendo a retomada de artificialidades vistas em gestões passadas.

“Preocupa querer fechar contas com receitas não recorrentes. Ações oportunistas de curto prazo para fechar as contas não são recomendáveis”, disse em referência ao texto do arcabouço fiscal, visto como excessivamente dependente da geração da receita em detrimento ao corte de despesas. E cobrou mais transparência nos números da Receita Federal quanto às estimativas do que é realmente necessário para fechar as contas. “E temos ainda o precatório, conta que é bastante grande e está chegando”, disse.

Para ele, as questões macroeconômicas, como a queda da inflação com efeitos colaterais mais suaves, evoluíram, mas não suficiente para garantir crescimento. “Crescer de forma sustentável requer ganhos de produtividade e, de preferência, de forma disseminada”, disse. “Vai depender se governo vai conseguir equilibrar as contas, mas vejo como ceticismo”.

Lisboa participa nesta tarde do Warren Institutional Day, em São Paulo.