Lideranças árabes e o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, estão reunidos neste sábado (11), na Arábia Saudita, em uma cúpula para alertar sobre a urgência de pôr fim aos ataques de Israel a Gaza e evitar uma conflagração regional do conflito.

No encontro, o presidente Raisi pediu aos países muçulmanos que designem o Exército israelense como um “grupo terrorista” por sua operação militar na Faixa de Gaza e que “armem os palestinos”, se “os ataques continuarem” em Gaza.

As reuniões de urgência da Liga Árabe e da Organização de Cooperação Islâmica aconteceriam em separado, mas o Ministério saudita das Relações Exteriores anunciou hoje cedo que seriam realizadas em conjunto.

A decisão ressalta a necessidade de alcançar “uma posição coletiva unificada que expresse a vontade comum árabe e muçulmana em relação aos acontecimentos perigosos e sem precedentes observados em Gaza e nos territórios palestinos”, observou a agência de notícias saudita.

A cúpula em Riade acontece cinco semanas depois do ataque de 7 de outubro, lançado pelo movimento palestino Hamas em solo israelense e que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço revisto das autoridades do país.

Desde então, Israel bombardeia sem cessar a Faixa de Gaza, controlada desde 2007 pelo Hamas. Seu Ministério da Saúde estima o número de vítimas fatais em mais de 11.000 pessoas, incluindo mais de 4.500 crianças.

O vice-secretário-geral da Liga Árabe, Hossam Zaki, disse na quinta-feira que, na cúpula, vão abordar “o caminho a seguir no cenário internacional para pôr fim à agressão, apoiar a Palestina e seu povo, condenar a ocupação israelense e responsabilizá-la por seus crimes”.

– Relação Irã-Arábia Saudita –

A Jihad Islâmica, aliada do Hamas em Gaza, disse não esperar “nada” da cúpula.

“O fato de esta conferência ser realizada depois de 35 dias (de guerra) é uma indicação clara”, disse o vice-secretário-geral do grupo, Mohammad al Hindi.

Até agora, Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, rejeitaram os apelos por um cessar-fogo, uma posição que suscitará duras críticas na cúpula de Riade.

O analista saudita Aziz Alghashian afirma que não se destacará apenas Israel, mas também aqueles que “facilitam a tarefa (…) ou seja, essencialmente os Estados Unidos e o Ocidente”.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, chegou hoje a Riade, nesta que é sua primeira visita ao reino desde que ambas as potências regionais anunciaram, em março, o restabelecimento das relações diplomáticas após sete anos de ruptura.

Teerã apoia o Hamas, assim como o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, que também lançaram hostilidades contra Israel, fazendo temer uma expansão do conflito.

A monarquia saudita, que mantém laços estreitos com os Estados Unidos e pretendia normalizar suas relações com Israel antes da guerra, teme ser alvo destes confrontos, segundo analistas.

O príncipe herdeiro e líder “de fato” do reino, Mohamed bin Salman, denunciou na sexta-feira (10) as “contínuas violações do direito internacional humanitário por parte das forças de ocupação israelenses”.

“Os sauditas esperam que o fato de ainda não terem normalizado suas relações e de terem um canal (de comunicação) com os iranianos lhes dê alguma proteção”, explicou Kim Ghattas, autor de um livro sobre a rivalidade iraniano-saudita, em uma mesa-redonda organizada pelo Arab Gulf States Institute, em Washington.

E os iranianos esperam que estar em contato com os sauditas “também lhes ofereça certa proteção”, acrescentou.

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