PALERMO, 12 JUL (ANSA) – O Tribunal de Caltanissetta, na Sicília, declarou nesta terça-feira (12) a prescrição da denúncia contra dois policiais acusados de despistarem as investigações sobre o atentado que tirou a vida do juiz antimáfia italiano Paolo Borsellino, em 1992, e absolveu o terceiro agente.   

Mario Bo, Michele Ribaudo e Fabrizio Mattei foram a julgamento pela suspeita de terem montado uma versão fictícia sobre os preparativos do ataque e obrigado falsos delatores, como Vincenzo Scarantino, a citarem nomes de pessoas inocentes. Os três teriam agido sob comando do policial Arnaldo la Barbera, já morto, e estavam respondendo pelo crime de calúnia.   

Por causa da armação, sete inocentes chegaram a ser condenados à prisão perpétua. O plano, porém, foi descoberto graças à delação premiada de um líder mafioso, Gaspare Spatuzza, permitindo a absolvição dos sete condenados. O esquema teria tido como objetivo livrar os verdadeiros mandantes do atentado.   

Segundo o Ministério Público, “o castelo de mentiras construído” pelos réus teria favorecido a máfia Cosa Nostra, o que pode ser considerado um agravante. A justiça, no entanto, decidiu que não há circunstância agravante e determinou a prescrição do crime de calúnia. Com isso, foi declarada a prescrição da denúncia contra Bo e Mattei, enquanto Ribaudo foi absolvido na ação civil apresentada pelos filhos de Borsellino, que há 30 anos pedem para saber a verdade sobre a morte do pai.   

“É uma sentença a respeito da qual é decisivo ler as razões para entender quais são os aspectos que podem constituir as razões do recurso. O tribunal não aceitou nossa reconstrução, principalmente no que diz respeito à circunstância agravante. É uma sentença que deve ser respeitada, o fato que destaco é que Bo e Mattei cometeram a calúnia, portanto a prescrição os salva porque são fatos de 30 anos atrás, o elemento da calúnia permanece”, explicou o advogado Fabio Trizzino Borsellino foi assassinado em 19 de julho de 1992, em Palermo, quando um carro repleto de explosivos foi detonado em frente à casa de sua mãe no momento em que ele chegava. Os mandantes e executores do crime foram os mafiosos da Cosa Nostra Salvo Madonia e Vittorio Tutino.   

O chamado “massacre de via D’Amelio” ainda vitimou cinco agentes da escolta do magistrado, que, ao lado de Giovanni Falcone, também assassinado, liderava os processos contra a Máfia.   

(ANSA).