Israel e Irã trocaram ameaças nesta terça-feira (16) depois que Teerã lançou um ataque contra o seu arqui-inimigo no sábado, aumentando os temores de uma escalada no Oriente Médio com a guerra em Gaza como pano de fundo.

“Não podemos ficar com os braços cruzados ante tamanha agressão, o Irã não sairá impune”, afirmou o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, um dia depois do chefe militar de seu país prometer uma “resposta” à agressão iraniana.

“Disparar 110 mísseis diretamente contra Israel não ficará impune. Responderemos no momento, no local e da forma que determinarmos”, acrescentou.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, reiterou nesta terça-feira que responderá de forma “severa” à “menor ação” de Israel contra “os interesses do Irã”.

Os dois dirigentes fizeram essas declarações mesmo depois dos apelos por moderação da comunidade internacional, que teme uma escalada no Oriente Médio, onde Israel está em guerra com o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza há mais de seis meses.

Teerã executou no sábado à noite um ataque inédito contra o território israelense, em resposta ao bombardeio que destruiu o consulado iraniano em Damasco em 1º de abril. O ataque na capital da Síria matou sete integrantes do Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) e foi atribuído a Israel.

A quase totalidade dos mais de 300 mísseis e drones lançados pelo Irã foram interceptados com a ajuda dos EUA e de outros países aliados, afirmaram as autoridades israelenses.

– Uma ‘ofensiva diplomática’ –

Enquanto decide de que forma responder, Israel anunciou nesta terça-feira que iniciou uma “ofensiva diplomática” contra o Irã e pediu a 32 países que adotem sanções contra o IRGC e seu programa de mísseis.

A secretária de Tesouro americana, Janet Yellen, assegurou que Washington “não hesitará” em intensificar as sanções contra Teerã e o alto representante para a política externa da União Europeia, Josep Borrell, anunciou que há planos de ampliá-las.

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, pediu na segunda-feira à comunidade internacional para “permanecer unida” diante da agressão do Irã. Mas os dirigentes das principais potências internacionais pedem cautela.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicou que Washington não vai participar de uma ação de represália, apesar de seu apoio inabalável a Israel.

Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu a seu par e aliado iraniano que uma escalada no Oriente Médio teria “consequências catastróficas para toda a região”, segundo o Kremlin.

E o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, urgiu Netanyahu a agir com “sangue frio” após o ataque. “Uma escalada significativa não redundaria em interesse de ninguém e só vão aprofundar a insegurança no Oriente Médio”, insistiu.

Para o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o ataque iraniano é culpa de Netanyahu e sua “sangrenta administração”.

O ataque da República Islâmica não freou a determinação do dirigente israelense de invadir Rafah, cidade do sul de Gaza onde vivem amontoados 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados pela guerra.

O conflito em Gaza explodiu em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel e mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses.

Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.843 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo movimento islamista.

– Israel mata comandante do Hezbollah –

Desde a fundação da República Islâmica, o Irã pede a destruição de Israel, mas até agora, havia evitado atacar Israel frontalmente.

Os dois países travaram confrontos indiretos, em particular em operações que envolvem os aliados de Teerã, como o movimento libanês Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen.

O Hezbollah anunciou a morte de três de seus membros, entre eles um comandante, em bombardeios israelenses no sul do Líbano, de onde o movimento xiita apoiado pelo Irã lançou ataques contra o norte de Israel.

Um avião da Força Aérea “bombardeou e eliminou Ismail Youssef Baz, o comandante do setor costeiro do Hezbollah”, na região de Ain Baal, no Líbano, segundo um comunicado militar.

Baz era “comandante da região de Nagura” e participou “na promoção e no planejamento do disparo de foguetes e mísseis antitanques contra Israel da zona costeira do Líbano”, indicou uma fonte próxima ao Hezbollah.

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