Comida, diversão e arte: é inevitável não pensar na canção dos Titãs ao se deparar com o número cada vez maior de espaços que reúnem esses três pilares. Locais que oferecem usos variados podem ser restaurantes que incorporaram casas de shows, cafeterias dentro de escritórios ou bares inseridos em salas de cinema. No caso dos livros, não faltam exemplos de estabelecimentos que unem a literatura à comida e bebida.

Em São Paulo há o Yerba PPD, a Ria Livraria, o Lardo — Bar e Sebo e o novíssimo Armazém do Campo, entre outros.

Pelo Brasil, destacam-se a Livraria Jaqueira, em Recife, o Caramurê, com duas unidades em Salvador, e o Café com Letras, no bairro Savassi, em Belo Horizonte.

“É preciso ser um lugar que as pessoas sintam vontade de frequentar, que reúna hospitalidade e cultura. Nosso cardápio foi pensado para ser compartilhado. A escolha dos ingredientes tem o mesmo cuidado e carinho que a curadoria dos livros”, afirma Priscila Passos, sócia do Barouche, em São Paulo.

Depois do bar e café dentro do cinema Cinesala, a ideia de reunir comida e cultura segue no novo projeto. Apesar do desafio de harmonizar as duas áreas, o sócio Paulo Velasco acredita que o sucesso de iniciativas do tipo vai de encontro à “era da informação”. “Gastamos tanto tempo no digital que ser analógico é um luxo”, afirma.

Eles ainda contam com um clube de leitura, mediado pelo livreiro Fernando Neres, que reúne cerca de vinte pessoas por edição. O menu é do chef Rodrigo Felicio e a carta de coqueteis clássicos e autorais, de Danilo Nakamura.

Simples Ideas y Tragos, em São Paulo: gastronomia, livros e eventos (Crédito: Silvia Zamboni;)

No bairro do Bixiga, também na capital paulista, a Livraria Simples expandiu os negócios para um anexo próximo da casa original. A nova Simples Ideas y Tragos foi inaugurada com o objetivo de abarcar os livros usados, receber eventos literários e fortalecer a interação entre as pessoas.

Nas mesas cercadas por obras nunca faltam empanadas, pão de melado, café, vinho, cerveja e cachaça. A combinação de livros com gastronomia e iniciativas sociais é fundamental para fomentar um espaço “diverso, plural e inclusivo”. “São substâncias básicas para uma vida mais plena de sentido”, diz o sócio Adalberto Ribeiro. “O desafio é justamente gerar demanda por bens tão preciosos e transformadores, levando em conta que estamos fora do eixo do consumo de livros e literatura na cidade.”

Reuniões e oficinas

Também fora da rota paulistana está o Sebo Pura Poesia, no Ipiranga. Além da venda de livros, o local conta com um café e bar (com opções que vão do começo do dia ao happy hour), espaço para reuniões e oficinas (recebendo inclusive clubes de leitura), e área externa em que se apresentam grupos musicais, como o Choro da Garoa. “Se queremos que as pessoas venham ler e comprar os livros, e que ocupem a casa como se fosse a sala delas, temos que trazer elementos para que elas queiram permanecer no espaço”, diz a sócia-proprietária Gisele Paiva.

A volta dos clube literários

Não há amante da literatura que não se lembre do filme A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, onde um eclético grupo de amigos se reúne em uma ilha britânica durante a ocupação nazista. Para quem gosta de compartilhar impressões sobre suas leituras, os clubes do livro estão de volta — sobretudo pelas mãos de celebridades, como a apresentadora Oprah Winfrey, referência nessa área.

Outros famosos inauguraram iniciativas semelhantes com bastante sucesso. Entre eles estão:
• o Teatime, da atriz Dakota Johnson,
• o Service 95, da cantora Dua Lipa,
• o Belletrist, de Emma Roberts,
• o Our Shared Shelf, de Emma Watson,
• e o Book Club, de Reese Witherspoon.

No Brasil:
• a atriz Sophia Abrahão possui o Entrelivros;
• a apresentadora Roberta Martinelli está à frente do Clube do Livro da Rádio Eldorado,
• e a Japan House São Paulo possui um grupo focado em escritores japoneses, em parceria com a revista Quatro Cinco Um.

(@ReeseWitherspoon)