Duas ex-freiras denunciaram, nesta quarta-feira (21), as violências psicológicas e sexuais exercidas por um influente padre e artista esloveno no início da década de 1990, no marco de uma nova etapa do escândalo que abalou o Vaticano.

Marko Rupnik, um ex-jesuíta de 69 anos, foi acusado de abusar sexual e psicologicamente de pelo menos 20 mulheres ao longo de quase 30 anos em uma comunidade religiosa em Liubliana, capital da Eslovênia.

“Ele me levava a cinemas adultos para me ajudar a ‘crescer espiritualmente'”, relatou Gloria Branciani, que foi membro desta comunidade até 1994, em coletiva de imprensa em Roma.

“Ele dizia que eu não cresceria espiritualmente se não satisfizesse suas necessidades sexuais”, disse ela.

Questionado por jornalistas, o diretor da assessoria de imprensa da Santa Sé declarou que o Vaticano reúne “todas as informações disponíveis sobre o caso” Rupnik para “poder identificar os procedimentos possíveis e úteis de aplicar”.

Branciani indicou que em breve será ouvida pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, encarregado do caso.

Segundo ela, Rupnik chegou a citar a Santíssima Trindade para obrigar as freiras a manterem relações sexuais em trio com ele, denunciou.

Mirjam Kovac denunciou, por sua vez, que a sua “liberdade pessoal estava cada vez mais restringida”. “Éramos jovens, mas os nossos ideais foram explorados por abusos de consciência, de poder, espirituais, físicos e por vezes sexuais”, declarou.

A ex-freira afirma ter sido vítima de abusos psicológicos e decidiu deixar a comunidade em 1996.

Marko Rupnik foi expulso da Companhia de Jesus, à qual pertence o Papa Francisco, em junho de 2023.

O Vaticano sugeriu a prescrição para encerrar o caso em 2022 sem uma investigação. O padre, portanto, só recebeu restrições impostas pelos jesuítas, sobretudo a proibição de confessar e acompanhar atividades espirituais.

No entanto, em 2023, o papa suspendeu esta prescrição para permitir o procedimento disciplinar.

Rupnik já havia sido excomungado em 2020 por acusações de assédio sexual, mas a excomunhão foi cancelada após ele admitir os fatos e se desculpar formalmente.

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