A derrota da seleção Brasileira para o Uruguai por 2 a 0 na terça-feira (17), somada ao recente empate em casa contra a Venezuela (1-1), pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, pressiona o novo técnico Fernando Diniz e coloca em dúvida o ‘Dinizismo’.

O resultado encerrou uma campanha de invencibilidade de 37 jogos do Brasil nas eliminatórias para o Mundial e a má impressão deixada em campo nas duas últimas partidas gerou preocupação, embora Diniz, que comandou apenas quatro confrontos, tenha bastante crédito por seu trabalho com o Fluminense.

– Pouco tempo –

Parece ser um consenso que implementar um estilo de jogo como o de Diniz, com uma característica ofensiva e alta posse de bola, requer tempo. Algo que a Seleção não tem. Atualmente, o Brasil está em terceiro lugar nas eliminatórias com sete pontos, atrás da líder Argentina (12) e do Uruguai (7).

Com apenas duas convocações e poucos treinos, o técnico ainda não conseguiu deixar sua marca no jogo da equipe. Mas ele não se exime da responsabilidade.

“Não foi um bom jogo e o responsável maior sou eu mesmo”, disse após a derrota em Montevidéu.

Contra o Uruguai, o Brasil tentou controlar a posse de bola na própria defesa para atrair os adversários, abrir espaços e surpreender no contra-ataque, mas o time uruguaio, treinado pelo argentino Marcelo Bielsa, conseguiu anular a estratégia brasileira e deixar Diniz sem reação.

Com quatro atacantes no time titular (Gabriel Jesus, Vinicius Junior, Rodrygo e Neymar), a Seleção perdeu o controle no meio de campo, deixando Casemiro e Bruno Guimarães sobrecarregados e demonstrando a falta de um homem de criação para dar apoio ao quarteto ofensivo.

– Laterais lesionados –

Se Diniz exibe no Fluminense um estilo de jogo ofensivo baseado na participação dos dois laterais no ataque, o treinador não pôde contar com seus quatro convocados para a posição nos últimos dois jogos da Seleção: Danilo e Vanderson, pela lateral direita, e Caio Henrique e Renan Lodi, no lado esquerdo.

Entre eles, apenas Danilo chegou a jogar nesta última convocação, embora tenha se machucado contra a Venezuela e precisou ser substituído ainda no primeiro tempo.

As opções contra o Uruguai foram os novatos Yan Couto e Carlos Augusto, que fez sua estreia pela seleção principal. Embora não tenham sido culpados pela derrota, mostraram evidente falta de entrosamento com os companheiros.

– Má forma –

Outro aspecto que chamou a atenção foi a má forma vivida por peças importantes na equipe. Como no meio-campo, com Casemiro apresentando baixo rendimento, e no ataque, com um Neymar bastante impreciso e longe de ser o jogador decisivo que já foi.

Em campo, o camisa ’10’ parecia mais interessado em discutir com o árbitro e com os rivais do que com a partida em si, antes de se lesionar no fim do primeiro tempo.

A escolha de Richarlison, que não vive bom momento no Tottenham, para o ataque também suscitou críticas ao treinador do tricolor carioca.

Ao somar esta sequência de decisões ao fraco desempenho de Vinicius Junior e Gabriel Jesus nos dois jogos, os problemas se acumulam.

“Fui muito mal na partida e fui muito mal na última partida também”, admitiu Vini Jr.

– Confiança –

Apesar disso, os jogadores confiam em Diniz e na evolução de seu trabalho.

“Temos que ter consciência de que a gente tá falando de sair de um jogo completamente posicional para um jogo completamente aposicional, que é água e vinho. Você precisa ter tempo (…) a gente não tem”, declarou Danilo após a partida contra a Venezuela.

Sem mais treinos, Diniz enfrentará desafios em novembro que podem ser um divisor de águas para sua continuidade no cargo: uma difícil visita à Colômbia, em Barranquilla, e o clássico contra a arquirrival Argentina de Lionel Messi, no Maracanã.

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