Apesar de ter pontuado que o cenário doméstico vem se encaminhando em linha com o esperado, a cúpula do Banco Central destacou que as expectativas para a inflação de longo prazo seguiram desancoradas na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro em relação ao encontro anterior. A avaliação foi feita na ata do Copom divulgada nesta terça-feira, 7.

“Concluiu-se que prossegue a trajetória desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços, reforçando a dinâmica benigna recente da inflação. Além disso, dados recentes sugerem uma certa moderação da atividade econômica, como antecipado pelo Comitê, em particular em serviços e comércio”, mencionaram os integrantes do colegiado, salientando que a desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos se manteve desde a última reunião do Copom.

O documento observa no parágrafo 20 que as projeções de inflação no horizonte relevante apresentaram alguma elevação e se encontram acima da meta.

Dentre os motivos para a elevação, os integrantes do colegiado destacaram a alteração dos preços administrados projetados para 2024 e as trajetórias da atividade econômica, da capacidade ociosa e do mercado de trabalho, que sugerem um hiato do produto mais apertado, com impacto sobre a inflação de preços livres.

No parágrafo 19, o comitê avaliou que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o que já havia sido antecipado pelo colegiado. Mas ainda assim, conforme a ata, “há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta”. Esse quadro, enfatizaram os membros do Copom, exige serenidade e moderação na condução da política monetária.

Esgotamento de fontes de desinflação

O Copom observou ainda na ata que algumas fontes de desinflação que contribuíram para o primeiro estágio de diminuição da pressão sobre os preços se esgotaram. Julgou que prossegue a evolução benigna do cenário corrente de inflação, em consonância com o que já era esperado.

“Como antecipado, esgotam-se algumas fontes de desinflação que contribuíram para o primeiro estágio da desinflação”, trouxe o documento. “Em particular, nota-se uma menor pressão baixista dos preços de atacado de bens industriais, que até recentemente ainda se normalizavam com o fim dos gargalos nas cadeias produtivas”, continuou.

Ainda no parágrafo 14, de forma análoga, de acordo com a ata, os preços de commodities agrícolas internacionais e os preços domésticos de alimentos, que também contribuíram para a desinflação ao longo de 2023, já não sugerem pressões baixistas tão pronunciadas nos próximos trimestres.

Além disso, segundo os integrantes do Copom, os componentes relativos a bens industriais e preços administrados podem apresentar um comportamento menos benigno do que era anteriormente esperado, em função do movimento recente da taxa de câmbio e do preço das commodities internacionais.

No mesmo trecho, o Comitê afirmou que segue avaliando que a volatilidade inerente aos componentes ligados a alimentos e bens industriais sugere a possibilidade de reversões abruptas, recomendando cautela.