2023 não está sendo fácil para os funcionários das Big Techs e Startups de tecnologia ao redor do globo.

Demissões em massa estão acontecendo em um mercado que, até então, foi o mais promissor em relação à empregabilidade, planos de carreira e bons salários.

Além do fato de que a pandemia acelerou as contratações, que agora precisam ser organizadas, há uma sombra de recessão econômica pairando sobre as grandes companhias.

Yahoo: 20% dos funcionários serão desligados

O Yahoo já oficializou que irá demitir 20% dos seus funcionários, afetando  todos os países em que possui atuação.

Os cortes vão impactar, principalmente, os responsáveis pela tecnologia de anúncios da empresa – quase 50% dos funcionários do setor (mais de mil pessoas)

O anúncio, feito pelo CEO, Jim Lanzone, também revelou que a unidade Yahoo for Business é a que mais será impactada.

Embora a empresa seja estrangeira, o impacto também alcança o Brasil, pois, em março, a sede brasileira encerrará suas atividades.

Ainda não se sabe como o portal de notícias da companhia será abastecido (e se será).

O clima de demissão já está instalado e diversos funcionários da empresa já estão se despedindo nas redes sociais.

Zoom: 15% dos funcionários serão demitidos

Logo nos primeiros dias de fevereiro, a Zoom, empresa que ganhou incontáveis usuários durante a pandemia, anunciou, através do diretor-executivo da empresa, Eric S. Yuan, que a empresa está desligando 1300 funcionários, o que equivale a 15% de toda sua força de trabalho.

Americanas: 45 mil pessoas apreensivas com situação da empresa

As Americanas, detentora de um dos maiores empreendimentos digitais do país –  marketplace, que representa mais da metade das vendas de toda a companhia (65%) -, acaba de se tornar um dos assuntos mais comentados do Brasil.

As lojas, que vendem de bombons a impressoras, estão demitindo funcionários de forma discreta.

No dia 31 de janeiro, 60 colaboradores foram desligados em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Até o momento, a empresa alega que não começou nenhum processo de demissão em massa, mas o Sindicato dos Comerciários de São Paulo já demonstrou preocupação.

DELL: Confirmada a demissão de 6.600 pessoas 

Com 133 mil funcionários registrados em 2022, a Dell anunciou, no dia 6 deste mês, a demissão de 5% de todo seu corpo de trabalho. São cerca de 6.600 pessoas perdendo seus empregos de forma quase simultânea.

Jeff Clarke, co-diretor de operações da Dell, afirmou que a empresa fez tudo que estava ao seu alcance para evitar os cortes, mas, infelizmente, nada foi suficiente.

“As condições do mercado continuam a se deteriorar com um futuro incerto…Já passamos por crises econômicas antes e saímos mais fortes”, declarou. “Estaremos prontos para quando o mercado melhorar”, acrescentou o executivo.

A Dell registrou queda de 37% nas vendas de computadores no último trimestre de 2022, comparado ao mesmo período de 2021 – um dos motivos que desencadeou as demissões.

Não é o fim

Com demissões em big techs afetando cerca de 100 mil pessoas logo no começo de 2023, é natural que haja um pouco de desânimo em relação às carreiras no mercado digital e tecnológico, porém, ainda há esperança. 

Há Vagas: Aumentam as oportunidades para estagiários e Juniores

Neste momento, há cerca de 33 mil vagas para cargos de tecnologia espalhados pelo mercado. Isso é 38% mais do que o que estava disponível em janeiro do ano passado.

Matéria do site Resenha Marketing publicada esta semana, explica o movimento: “A demanda é constante e, ainda que haja um número enorme de demissões acontecendo, o mercado também está absorvendo novos profissionais que, por estarem no início de suas carreiras, estão dispostos a aceitar salários um pouco menores do que os funcionários mais antigos das companhias que estão demitindo”.

Neste momento, mais de 80% das vagas para profissionais de TI pagam entre R$ 1.500 a R$ 5.000. A maioria delas se concentra em contratar estagiários e juniores. A ideia é “treinar em casa” e fazer com que esses novos funcionários consigam fazer mais, por menos. 

São Paulo e Rio Grande do Sul são os Estados que mais estão contratando, mas Rio de Janeiro e Paraná também têm aberto muitas oportunidades.

Os setores que mais estão abrindo seleções pertencem aos setores financeiro, de seguros e agro.

As startups que trabalham com maquininhas de cartões, mercado financeiro, água, eletricidade, telecom e gás são algumas das que têm mantido seleções abertas por tempo indeterminado, contratando novos profissionais quase diariamente.

Empresas de inovação e renovação de serviços e produtos, logística e saúde vem logo na sequência, contratando muitas pessoas e com bastante frequência.

TikTok: Expansão da rede social gera 3 mil contratações

Na contramão das big techs que estão demitindo em massa, o TikTok já anunciou que vai contratar 3 mil novos funcionários.

O objetivo é aumentar em 15% o número de colaboradores, sendo, a grande maioria, composta por engenheiros.

O aplicativo, que tem crescido em velocidade surpreendente com base em vídeos de dancinhas, tutorias de influenciadoras ensinando tudo sobre maquiagem, dicas sobre itens de casa, DIY e outras pequenas gravações que circulam entre animais fofinhos, recortes de músicas e frases motivacionais, vem desbancando as redes de Zuckerberg (que demitiu boa parte do seu quadro de colaboradores).

A perspectiva da empresa chinesa é que não haja nenhuma demissão e que as contratações continuem acontecendo ao longo do ano.

Coisa de Trilhão

Embora as demissões em massa façam parecer que tudo está dando errado para as grandes companhias concentradas em tecnologia e mercado digital, não é exatamente isso que está acontecendo.

Empresas como a Alphabet (controladora dos produtos Google), a Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) e a Amazon, além de todas as outras que fizeram um grande layoff, não estão, necessariamente, tendo problemas financeiros.

Apesar de existirem casos, como a da Americanas, por exemplo, em que realmente a existência da empresa está em jogo, na maioria das situações as companhias estão, apenas, tentando manter sua lucratividade ou a saúde do caixa.

O valor de mercado das Big Techs Amazon, Apple, Microsoft e Meta subiram mais de 1 trilhão entre novembro de 2022 e 3 de fevereiro deste ano.

 

Esse valor seria o bastante para comprar todas as empresas que hoje estão listadas na B3, e ainda sobraria muito dinheiro.