Na pele de Doron Kavillio, ex-comandante da elite das Forças de Defesa de Israel (IDF), Lior Raz, ator israelense, levou dramas inspirados no conflito israelense-palestino para o mundo, via streaming. Criador e protagonista de Fauda, drama da Netflix com quatro temporadas, Lior se inspirou em experiências pessoais para criar a série. Antes disso, ele serviu como agente de Israel infiltrado na Cisjordânia. Mas, no início de outubro de 2023, voltou como voluntário para combater o Hamas, após o ataque do grupo terrorista ao país.

“Junto com Yohanan Plesner (presidente do Instituto da Democracia Israelense) e Avi Issacharoff (coautor de Fauda) e me uni a centenas de destemidos voluntários que se dedicaram incansavelmente a auxiliar a população sul-israelense. Nossa missão nos levou a Sderot, uma cidade sob intenso bombardeio, onde tivemos de resgatar duas famílias”, escreveu em 9 de outubro em um vídeo postado no X, antigo Twitter, com ele em ação.

Lior Raz não postou mais vídeos de sua ação no conflito desde então, mas segue escrevendo e compartilhando comentários sobre a guerra, em especial denúncias de antissemitismo e a defesa de combater o Hamas.

Nascido na cidade israelense de Ma’ale Adummim, um grande assentamento na Cisjordânia, Raz foi criado em um ambiente em que se falava árabe por causa das raízes iraquianas de seu pai. Quando atingiu a maioridade, se juntou ao Exército de Israel. No entanto, após um trágico evento em 1990, quando perdeu sua namorada em ataque terrorista, ele se mudou para os Estados Unidos. Lá, ele viveu um papel improvável: trabalhar como guarda-costas do ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger. Mas sempre teve o desejo de se tornar ator.

“Desde jovem, eu sonhava em ser ator”, escreveu em artigo publicado pela Backstage, plataforma digital americana voltada para artistas. “Como integrante das Forças Especiais, atuar disfarçado era como estar em um palco onde os riscos eram extremamente altos.”

Ao voltar a Israel em 1996, ingressou na Escola de Artes Nissan Nativ em Tel-Aviv. Sendo trilíngue, obteve papéis no teatro e na TV israelense. Contudo, sua carreira ganhou destaque com o surgimento das plataformas de streaming.

FENÔMENO. Com Fauda, série que se tornou fenômeno global na Netflix, Lior faz representação visceral do conflito entre Israel e Palestina. E apesar da construção da narrativa unilateral – que, embora válida, levanta questões sobre representação e equilíbrio, especialmente em cenário tão polarizado -, a obra se destaca por nunca perder de vista o custo humano do conflito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.