Com 104 jogos divididos entre Europa (Espanha e Portugal), África (Marrocos) e América do Sul (Uruguai, Argentina e Paraguai), a Fifa revelou nesta quarta-feira (4) um formato inédito para a Copa do Mundo na edição de 2030, ano do centenário do torneio.

Pela primeira vez na história dos Mundiais, as confederações europeia, africana e sul-americana de futebol chegaram a um acordo para uma candidatura única, liderada por Espanha, Portugal e Marrocos, mas com Uruguai, Argentina e Paraguai recebendo um jogo cada.

Depois de 100 anos da primeira edição concentrada em Montevidéu, a Copa do Mundo “unirá três continentes e seis países”, promete a Fifa, que ainda vai avaliar critérios técnicos e anunciar oficialmente a organização do torneio no final de 2024.

Mas com a aprovação “unânime” desta candidatura única pelo Conselho da Fifa, o caminho parece claro para este formato intercontinental inédito, prometendo uma configuração política e logística complexa e com inúmeras questões em torno do impacto ambiental dos grandes eventos esportivos.

“A Fifa prossegue seu ciclo de destruição contra o maior torneio do mundo”, reagiu na rede social X (antigo Twitter) a associação Football Supporters Europe, criticando uma fórmula “horrível” para os torcedores e “sem consideração” com o meio ambiente.

– Saída da Ucrânia –

O anúncio desta quarta-feira encerra a rivalidade anunciada entre os dois favoritos, uma candidatura conjunta de Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai, e uma opção europeia com Espanha e Portugal.

Há um ano, com o apoio da Uefa, os dois países integraram a Ucrânia em sua candidatura com a intenção de lançar “uma mensagem de solidariedade e de esperança” e homenagear “a tenacidade e a resiliência” de um país ocupado pelo Exército russo desde fevereiro de 2022.

Contudo, esta união de caráter político não foi adiante, e o Marrocos, cinco vezes candidato não eleito para sediar o torneio, entrou em cena em meados de março, sem que fosse especificado o que aconteceria então com a Ucrânia.

“Tenho certeza de que, junto com Marrocos e Portugal, vamos organizar o melhor Mundial da história”, afirmou o presidente interino da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Pedro Rocha, citado em um comunicado conjunto das três federações.

“Esta decisão do Conselho da Fifa saúda e reconhece o lugar preferencial do Marrocos no concerto das grandes nações”, comemorou o rei do Marrocos, Mohammed VI, em um comunicado.

O país africano se dispõe a ser o segundo do continente a sediar uma Copa do Mundo, depois da realização do torneio na África do Sul em 2010, e também garante uma das vagas diretas reservada aos anfitriões, indicou a Fifa.

– Ásia e Oceania em 2034 –

O mesmo não vai acontecer com os países sul-americanos, que terão que disputar as Eliminatórias, mas receberão três jogos do Mundial em troca da retirada de sua candidatura, enquanto Espanha, Portugal e Marrocos dividirão as 101 partidas restantes.

“O primeiro desses três jogos será, com certeza, no estádio onde tudo começou, o mítico Estádio Centenário de Montevidéu, justamente para celebrar o centenário da Copa do Mundo”, anunciou o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

Longe de sua globalização atual, o torneio reunia então 12 equipes em uma mesma cidade anfitriã.

Na última edição, em 2022, no Catar, o Mundial teve a participação de 32 equipes e, a partir da próxima, em 2026, serão 48 seleções nos Estados Unidos, México e Canadá.

A Fifa também lançou a abertura de candidaturas para a edição seguinte do Mundial, em 2034, limitando seu convite às confederações asiática e da Oceania, em função do princípio de rotação continental do torneio.

Sem surpresa, a Arábia Saudita, que tinha o interesse em sediar o evento em 2030, confirmou imediatamente sua candidatura para 2034.

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