O Kansas City Chiefs busca um histórico terceiro título consecutivo do Super Bowl neste domingo, quando enfrentará o Philadelphia Eagles, que está determinado a impedir a vitória e a construção de uma dinastia.
Os Chiefs venceram os Eagles na final há dois anos, superando uma desvantagem de 10 pontos no intervalo para ganhar o Super Bowl 57 e acreditam que têm a fórmula certa para repetir o resultado, liderados pelo excelente quarterback e duas vezes jogador mais valioso da liga, Patrick Mahomes.
Os Eagles podem contrariar as probabilidades, graças a adição de Saquon Barkley, vindo do New York Giants, que deu ao versátil quarterback Jalen Hurts uma ótima nova opção no ataque.
“Espero um grande time de futebol americano, um time que vai jogar com muito orgulho, um time que vai jogar duro, jogar rápido e eles têm muitos grandes jogadores”, disse Mahomes, que levou os atuais campeões a 15 vitórias e apenas 2 derrotas na temporada regular.
“Vai ser um desafio extremo para nós e precisamos estar prontos para isso em cada jogada”.
O confronto apresentará um duelo intergeracional de treinadores, com o técnico de 66 anos dos Chiefs, Andy Reid, um dos treinadores mais bem-sucedidos na história da National Football League (NFL), que vai enfrentar o treinador de 43 anos dos Eagles, Nick Sirianni.
“Ele tem muita experiência, com certeza, ganhou muitos jogos. Não posso dizer o tanto que eu respeito o trabalho que ele fez”, disse Sirianni aos repórteres.
“Os vídeos deixam claro o quão bom treinador ele é”.
Trump a Taylor Swift são esperados
Em sua tentativa de reconquistar o mundo dos esportes, Donald Trump será o primeiro presidente em exercício a comparecer ao Super Bowl, a final da liga profissional de futebol americano NFL no domingo, que ele frequentemente acusa de ser progressista demais.
Trump, que deve dar uma entrevista pré-jogo à emissora Fox, tem uma longa e complicada história com a liga mais popular dos EUA, tendo criticado a NFL depois que jogadores negros começaram a se ajoelhar durante o hino nacional para protestar contra a injustiça racial.
“Mesmo que ele vá porque adora futebol, é um gesto político porque, como presidente dos Estados Unidos, tudo o que ele faz é político”, diz Amy Bass, professora de estudos esportivos do Manhattanville College.
Um ávido fã de esportes, que chegou a comprar um time de futebol profissional em meados da década de 1980, Trump teve uma recepção fria do setor durante seu primeiro mandato.
Vários times campeões chegaram ao ponto de romper com a tradição visitando a Casa Branca para mostrar sua oposição às políticas do presidente, inclusive o Philadelphia Eagles, vencedor do Super Bowl em 2017.
Mas, à medida que sua base eleitoral se ampliava durante a campanha presidencial, o efervescente Partido Republicano lentamente recuperou uma posição nos esportes no ano passado.
Como um sinal dessa mudança, na segunda-feira ele recebeu o clube de hóquei Florida Panthers, atual campeão da NHL, com grande alarde.
Donald Trump agora volta sua atenção para o futebol americano, viajando para Nova Orleans para assistir ao jogo de domingo entre o Kansas City Chiefs e o Philadelphia Eagles.
Entre os proprietários de equipes da NFL que contribuíram financeiramente para a última campanha presidencial, a grande maioria foi para os republicanos.
“A NFL nunca foi um bastião da esquerda, mas a última campanha fez do futebol americano uma arena mais politicamente contestada do que o normal”, observa Amy Bass.
A acadêmica cita a escolha do companheiro de chapa da democrata Kamala Harris, Tim Walz, um ex-técnico de futebol americano do ensino médio.
Diferentemente de seu estilo de comunicação habitual, os democratas recorreram regularmente a parábolas sobre futebol e contaram com vários ex-jogadores em suas fileiras.
Outro alvo da ira de Trump também estará presente, a superestrela pop Taylor Swift — namorada de Travis Kelce, jogador dos Chiefs –, que apoiou a oponente de Trump, Kamala Harris, na eleição presidencial.
Swift trouxe novos fãs para a NFL desde que começou a frequentar jogos no início do seu relacionamento em 2023. Mas Kelce disse esta semana que ficará “honrado” em ter Trump presente, mesmo depois de o atual presidente ter escrito nas redes sociais no ano passado: “EU ODEIO TAYLOR SWIFT!”.
O parceiro na música “Bad Blood” de Swift e talento geracional do hip-hop, Kendrick Lamar, terá a atenção dos mais de 73 mil espectadores no show do intervalo, trazendo brilhantismo narrativo ao estádio Superdome depois de ganhar cinco Grammys na semana passada.
Onde assistir
A RedeTV! transmitirá o Super Bowl na TV aberta neste domingo, 9, a partir das 20h30 (horário de Brasília). A transmissão será comandada pelo narrador Marcelo do Ó e os comentários serão responsabilidades de Pedro Pinto e Veronica Teixeira, a Vevito.
Além do jogo, o evento também conta com a apresentação musical do rapper Kendrick Lamar no Show do Intervalo. O concerto, que terá participação especial da cantora SZA, promete celebrar a carreira musical de um dos rappers mais influentes da última década. No último domingo, 2, Lamar ganhou cinco Grammys por sua canção Not Like Us. A presença da música na setlist do show, no entanto, ainda é um mistério.
A canção, que se tornou um dos maiores hits da carreira do artista, é fruto de uma polêmica e pública briga com o rapper canadense Drake. Entre abril e maio de 2024, os dois artistas passaram a se atacar publicamente em inúmeras canções. Na música, Kendrick acusa seu rival de ser um pedófilo, um predador sexual e um apropriador cultural.
Meses após o final da briga, Drake entrou com uma ação judicial contra a Universal Music e o Spotify, alegando que a gravadora e plataforma de streaming inflaram artificialmente o sucesso da canção e contribuíram com um processo de difamação movido por Lamar.
Para boa parte da imprensa especializada, a tática visava assustar a organização da NFL e evitar que Kendrick fizesse a performance de Not Like Us no Super Bowl, o maior palco do show business norte-americano.
Segundo o site TMZ, Kendrick Lamar já entregou para a NFL e a FOX – canal que transmite o jogo nos Estados Unidos – a lista de músicas que pretende cantar durante a apresentação. Agora, cabe aos executivos da organização aprovar ou reprovar as escolhas de Lamar.
Os advogados das companhias avaliarão as canções e determinarão se há risco de que a reprodução delas durante a transmissão da partida possa gerar problemas legais com o Federal Communications Commission (FCC), agência norte-americana que regula as comunicações do país.
Devido às graves acusações contidas em Not Like Us, é possível que a NFL e a FOX peçam para Lamar não cantar os versos mais ofensivos da canção. É pouco provável, no entanto, que não haja nenhuma referência ao hit durante a apresentação de Kendrick.
O episódio Kaepernick
A NFL está longe de ser leal a Donald Trump, especialmente porque a liga continua marcada por um episódio doloroso envolvendo o bilionário republicano.
Em 2016, a decisão do quarterback do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, de se ajoelhar no chão durante o hino dos EUA em protesto contra a violência policial contra minorias causou um terremoto.
Trump rapidamente se envolveu no debate, pedindo a expulsão do jogador, antes de convocar os proprietários de clubes em uma reunião pública para “demitir” qualquer “idiota” que se manifestasse durante o hino.
Na ausência de sanções, o chefe de estado intensificou seus ataques aos proprietários e também mirou no chefe da liga, Roger Goodell, sem sucesso.
Com o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) contra a discriminação racial decolando na primavera de 2020, a crise se agravou na NFL.
A liga cedeu e anunciou que destinaria 250 milhões de dólares (1,4 bilhão de reais) ao longo de 10 anos para “combater o racismo sistêmico” e financiar programas de educação e desenvolvimento.
Foi uma forma de paz social. As relações entre jogadores e dirigentes se acalmaram consideravelmente desde então.
A decisão da liga, nesta semana, de parar de exibir o slogan “End Racism” (Acabe com o Racismo) nas duas extremidades do campo durante o Super Bowl foi interpretada por alguns como uma concessão à retórica “antiwoke” defendida pelo governo Trump.
Mas Roger Goodell disse na segunda-feira que a liga continuará a promover a diversidade “porque provamos para nós mesmos que isso torna a NFL melhor”.
A Filadélfia e seu “ódio a Trump”
Seus comentários foram contrários às recentes medidas do governo Trump para acabar com as políticas que promovem a integração das minorias.
Quando a presença de Trump no Super Bowl foi anunciada, os jogadores reagiram positivamente, com o astro do Chiefs, Travis Kelce, chegando a chamar o evento de “grande honra”.
No entanto, sua parceira, a rainha do pop Taylor Swift, apoiou Kamala Harris durante a campanha, o que levou Donald Trump a escrever em setembro: “Eu odeio Taylor Swift”.
O sacrossanto show do intervalo do Super Bowl também pode ser uma oportunidade para outra estrela da música, o rapper Kendrick Lamar, atacar o presidente, de quem ele já foi alvo.
Amy Harris se pergunta como será a reação do público do Caesars Superdome no domingo.
“Nunca se sabe como o público reagirá, porque as pessoas não estão lá para ver um político”, diz ela, embora “seja difícil encontrar uma cidade que odeie Trump tanto quanto a Filadélfia”.