NOVA YORK, 19 OUT (ANSA) – Por Alessandra Baldini – Uma carta de Cristóvão Colombo de 1493, na qual o navegador genovês relata suas impressões sobre um grupo de ilhas que ele afirma ter recentemente descoberto, foi leiloada pela Christie’s por quase US$ 4 milhões (R$ 20,2 mi).

A carta, intitulada “De Insulis Nuper Inventis”, foi enviada por Colombo ao rei Fernando II da Espanha e à rainha Isabel e permaneceu por quase um século em uma coleção privada suíça.

A casa de leilões afirma ter feito o possível para garantir que não fosse uma falsificação ou que tenha sido roubada, como aconteceu várias vezes no passado com documentos semelhantes.

O preço inicial estava entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão, e o preço final disparou nos últimos 30 minutos do leilão, apesar de uma recente “reavaliação” da reputação de Colombo, especialmente nos Estados Unidos.

O documento de oito páginas em latim foi impresso em várias cópias em Roma com o objetivo de disseminar na Europa a notícia da viagem de Colombo.

Estudado por especialistas e cobiçado por colecionadores de livros raros, não é surpreendente que tenha sido alvo de ladrões e falsificadores ao longo dos anos.

No verão passado, uma versão do incunábulo que havia sido roubada da Biblioteca Marciana décadas atrás e acabou nas mãos de um colecionador em Dallas foi devolvida à Itália graças à colaboração entre os carabineiros e a autoridade judiciária dos Estados Unidos.

“Seguimos uma série de pistas e linhas de investigação, nenhuma das quais levou a qualquer suspeita”, assegurou Margaret Ford, a especialista em livros e manuscritos da casa de leilões, no caso da carta da Christie’s.

Na carta, Colombo afirma que desembarcou em ilhas do Oceano Índico. Ele descreve a beleza da região, o canto dos pássaros, as palmeiras, as montanhas imponentes e os rios, além de falar sobre os indígenas “tímidos e assustados”, afirmando que levou alguns deles para a Espanha.

O texto, equivalente a um comunicado de imprensa do século 15, foi originalmente escrito em espanhol e a corte de Madrid o enviou a Roma para ser traduzido para o latim e impresso para aumentar sua disseminação.

Uma cópia do texto original em espanhol sobreviveu ao longo dos séculos e está atualmente guardada na New York Public Library.

Da edição leiloada pela Christie’s, cerca de 30 exemplares estão em museus e apenas um ou dois estão em mãos privadas, tornando o exemplar que mudou de mãos hoje “um documento de grande raridade”, disse Ford. (ANSA).