27/03/2024 - 19:03
Equipes de resgate continuavam nesta quarta-feira (27) as buscas por corpos de seis trabalhadores latinos dados como mortos após a queda de uma ponte na cidade americana de Baltimore.
Mergulhadores estão navegando em águas “em condições perigosas” para tentar encontrar as vítimas, explicou o governador do estado de Maryland, Wes Moore.
Os socorristas estão trabalhando em condições difíceis: “temperaturas geladas, maré alta, ventos fortes e pedaços de metal retorcidos”, disse ele.
No meio da neblina e do frio, há navios da guarda-costeira e da polícia mobilizados muito perto dos destroços e do cargueiro danificado, constatou um jornalista da AFP no local.
Estes trabalhadores da construção reparavam buracos na pista da ponte Francis Scott Key quando a estrutura caiu na madrugada de terça-feira no rio Patapsco, no estado de Maryland (leste), depois que um navio, o “MV Dali”, se chocou contra ela.
Nas primeiras horas, os serviços de emergência resgataram duas pessoas, uma delas gravemente ferida, mas à noite as autoridades deram como mortos os desaparecidos.
Segundo a organização Casa, especializada em ajudar migrantes, um dos desaparecidos é Miguel Luna, pai de três filhos e originário de El Salvador. Ele saiu para trabalhar na noite de segunda e não voltou.
Trata-se de um salvadorenho, confirmou a chanceler de El Salvador, Alexandra Hill, na rede social X.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou que há dois compatriotas entre as vítimas e um terceiro sobreviveu, mas os familiares pediram discrição com seus dados pessoais.
Outros dois guatemaltecos estão entre os desaparecidos, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Guatemala.
O balanço deste “terrível acidente”, disse o presidente americano, Joe Biden, teria sido pior se o navio, que sofreu uma “perda momentânea de propulsão”, não tivesse emitido um alerta que permitiu interromper o trânsito.
A autoridade de transportes do estado de Maryland, Paul Wiedefeld, descartou a versão de “problema estrutural” na ponte. Até o momento, a investigação preliminar considera o ocorrido um acidente.
Imagens de câmeras de segurança mostram o navio cargueiro “MV Dali” desviando sua rota e se chocando contra um pilar da ponte provocando a queda de vários arcos. As imagens mostram as luzes de veículos de manutenção na ponte, que em seguida desmorona.
A tripulação, que não se feriu, tentou parar o cargueiro lançando âncoras, mas sem sucesso. “A ponte inteira desabou! Saiam, saiam… Todo mundo…”, gritou um operador segundos após o colapso.
Jennifer Woolf quase perdeu o filho de 20 anos. Ele cruzou a ponte três minutos antes da tragédia. “Ele voltou para casa em pânico, chorando e tremendo”, disse a americana de 41 anos à AFP.
O MV Dali é um cargueiro de construção recente, com 300 metros de comprimento e 48 metros de largura, com bandeira de Singapura.
Os registros mostram que o navio seguia de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka. A gigante dinamarquesa Maersk confirmou ter fretado o navio, operado pela companhia de navegação Synergy Group.
As autoridades portuárias de Singapura afirmaram nesta quarta-feira que o navio passou por duas inspeções em 2023 e que em junho um medidor de monitoramento de pressão de combustível com defeito foi reparado.
Com o acesso ao porto bloqueado pelos destroços da ponte, o transporte marítimo está “suspenso até novo aviso”, informaram as autoridades.
O presidente Joe Biden prometeu que a estrutura, inaugurada em 1977 e que leva o nome do autor da letra do hino nacional americano, seria reconstruída.
Para se antecipar às seguradoras e ganhar tempo, o presidente afirmou que quer que “o Estado federal pague a totalidade do custo da reconstrução”.
A ponte de quatro pistas e 2,6 quilômetros de comprimento está localizada em um eixo norte-sul crucial para a economia da costa leste dos Estados Unidos.
O secretário de Transporte, Pete Buttigieg, mencionou nesta quarta-feira “quatro áreas-chave: reabrir o porto, gerenciar as implicações para a cadeia de suprimentos […[, reconstruir a ponte e gerenciar o tráfego rodoviário”.
“Reconstruir não será rápido, simples ou barato”, acrescentou.
Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics, explicou à AFP que “haverá distúrbios na cadeia de suprimentos”, mas não prevê efeitos macroeconômicos “porque há muitos portos importantes muito perto de Baltimore”.
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