Os ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe buscam fechar, nesta quinta-feira (26), no Panamá, uma proposta comum sobre seis temas para levar à conferência COP28 sobre mudança climática de Dubai.

O encontro ministerial ocorre no âmbito da “Semana do Clima da América Latina e do Caribe”, que reúne cerca de 3.000 delegados de governos locais e nacionais, povos indígenas, sociedade civil e iniciativa privada, com debates centrados na transição para energias renováveis.

“Todas as decisões que tomemos, incluindo aquelas que forem adotadas neste fórum, vão ter, sem dúvida, impacto no futuro”, disse o ministro do Ambiente do Equador, José Antonio Dávalos, em um fórum à margem das discussões a portas fechadas com seus pares.

“Esperamos que possamos ter conversas produtivas e proveitosas e que dê um olhar comum da nossa região para ver como enfrentamos” os desafios, indicou no fórum a ministra chilena, Maisa Rojas.

– Seis decisões –

Após meses de negociações, os ministros têm as últimas horas para definir nesta quinta seis “decisões” com vistas à COP28. Também devem fazer uma “declaração política” conjunta.

“No dia de hoje, esperamos que os países aprovem seis decisões”, disse à AFP o diretor regional para América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Juan Bello.

As decisões são sobre temas de mudança climática, biodiversidade, contaminação, gênero e ambiente, educação ambiental e consumo e produção sustentável.

“Cada uma dessas [decisões] vai ter seu plano de trabalho e seu plano de ação, onde todos os países da região vão estar envolvidos”, indicou Bello.

“Aqui, os países da região estão fazendo esforços para encontrar esses pontos em comum […]. O tema das posições comuns é fundamental, porque a região da América Latina e o Caribe não chega aos espaços globais com posições concertadas como região”, acrescentou.

– Manejo do solo –

Os países latino-americanos avançam com “sucesso” na transição para energias renováveis, principalmente eólica e solar, segundo um relatório divulgado no âmbito do encontro no Panamá na quarta-feira.

No entanto, esses avanços serão insuficientes para conter o aquecimento global, por isso também devem redobrar os esforços para a degradação da terra, advertiu uma funcionária da ONU.

“A terra e o manejo, proteção e restauração da terra, são fundamentais para alcançar as metas climáticas e para deter a perda de biodiversidade”, disse à AFP Andrea Meza, secretária-executiva adjunta da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação.

“Estamos perdendo globalmente 100 bilhões de hectares de terra saudável, de terra boa. A terra saudável é fundamental para produzir bons alimentos e é fundamental para garantir segurança hídrica”, acrescentou.

Por tal razão, “fazendo apenas a transição energética não vamos alcançar as metas, tem que se fazer também uma transição em como estamos manejando nossas terras”, insistiu Meza.

– “Escutar todas as vozes” –

A ministra do Ambiente do Peru, Albina Ruíz, disse que a “ação climática” deve envolver “os aspectos ambientais, sociais e econômicos”, assim como escutar “todas as vozes, em especial, as dos jovens e das mulheres”.

Indicou que seu país “vem trabalhando na criação de um fundo climático em benefício das mulheres indígenas”.

“Isso permitirá fortalecer capacidades de cerca de três milhões de mulheres indígenas”, expressou Ruiz.

A COP28 ocorrerá de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, Emirados Árabes Unidos, e abordará assuntos como a redução das emissões de gases de efeito estufa, a progressiva eliminação de combustíveis fósseis, explotação de energias renováveis e a assistência a países em desenvolvimento, entre outros.

A reunião no Panamá, da qual participam 27 dos 33 países da região, ocorre em meio a protestos e bloqueios de ruas para exigir a suspensão de um contrato com uma companhia canadense para operar a maior mina de cobre da América Central.

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