Cerca de 20 ministros reunidos nesta quinta-feira (28), em Paris, por iniciativa do governo francês e da OCDE, pediram financiamento internacional para impulsionar a energia nuclear na corrida contra as mudanças climáticas.

Assistiram ao encontro dirigentes e empresários do setor nuclear de cerca de 20 países, incluindo Japão, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Polônia, Romênia, República Tcheca e Suécia.

“Temos que ser práticos, mas temos que ir rápido”, defendeu, na abertura da conferência, o diretor-geral da Agência para a Energia Nuclear da OCDE (AEN), William D. Magwood, afirmando que existe uma “janela de oportunidade”.

Mas para isso, é preciso encontrar financiamento, que costuma ser caro e de longo prazo.

Os ministros fizeram um chamado a bancos de desenvolvimento e instituições financeiras internacionais e regionais para investir na energia nuclear “à luz das prioridades em temas de acesso à energia, de segurança energética e clima”, segundo sua declaração, assinada por todos os países representados, exceto a Itália e a Bélgica.

Os países signatários qualificaram como “vital” o papel da energia nuclear na transição energética graças às suas baixas emissões de CO2 por kWh, como é o caso das energias solar ou eólica.

“A energia nuclear tem uma vantagem importante, tanto para nossa segurança energética quanto para nossos compromissos climáticos” de alcançar a neutralidade em emissões de carbono até 2050, insistiu a ministra francesa de Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher.

Mais que uma aliança industrial, trata-se de uma “aliança política”, apontou anteriormente o governo francês.

– “Salvar a indústria nuclear” –

Antes do início do encontro, uma dezena de ativistas do Greenpeace exibiu cartazes em frente à entrada e no telhado do prédio da OCDE.

“Estamos aqui para denunciar a maquiagem verde da França”, disse à AFP Pauline Boyer, encarregada de campanhas antinucleares do Greenpeace. “O objetivo desta operação não é salvar o clima, mas salvar a indústria nuclear”, denunciou.

A França, o país mais nuclearizado do mundo por habitante (56 reatores por 68 milhões de habitantes), se tornou a ponta de lança no velho continente para relançar a energia atômica, à frente de uma “aliança europeia nuclear”, que tenha peso nas negociações sobre o mercado da eletricidade.

“Vemos um retorno da energia nuclear no mundo”, afirmou Fatih Birol, diretor da Agência Internacional da Energia (AIE), outra instituição vinculada à OCDE.

Em 2022, entraram em operação usinas com potência de 7,9 GW, um aumento de 40% de novas instalações em relação ao ano anterior. A maioria destas iniciativas está na China, para atender seu mercado doméstico, e na Rússia, para vários países.

Segundo a AEN, seria preciso triplicar a capacidade nuclear no mundo até 2050 para respeitar as metas de neutralidade em emissões de carbono, combinando os reatores existentes a outros de nova geração e pequenos reatores modulares (SMR), que ainda estão em fase de projeto.

No entanto, a promoção desta energia, que caiu em desgraça após a catástrofe de Fukushima, no Japão, em 2011, traz muitos desafios, sobretudo para os países que não constroem usinas “há algum tempo”, adverte William D. Magwood.

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