Há cerca de três anos, uma onda gigante chamada tsunami, gerada por um terremoto, cobriu a Ásia e causou uma tragédia inesquecível: 280 mil pessoas mortas, 50 mil somente na Índia e no Sri Lanka. "O mais triste é saber que, em alguns lugares, teria dado tempo de salvar muitas vidas se existisse um sistema adequado de prevenção", diz o geofísico Ken Hudnut, do Centro Internacional de Informações sobre Tsunamis, localizado no Havaí. Com o mesmo pensamento e vontade de Hudnut, a Índia, um dos países mais castigados pela onda avassaladora, arregaça as mangas e surpreende ao inaugurar o mais moderno e rápido centro de alerta contra maremotos já operado no mundo.

Com capacidade para prever a chegada de ondas 13 minutos após a origem do maremoto (metade do tempo gasto pelos antigos sistemas), o novo equipamento de alerta custou 22 milhões de euros e engloba uma rede de instrumentos sísmicos, instalados no oceano e ligados à superfície por bóias que medem o nível do mar. Além disso, há sensores de pressão que podem registrar um terremoto próximo ao litoral. A partir daí, um instrumento de registro digital determina a distância e a direção do epicentro, a magnitude e o tipo de falha que originaram o sismo. "Não se pode errar. A cada segundo um maremoto é capaz de avançar quatro quilômetros", diz Peter Koltermann, diretor da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco.

sAté hoje, o grande problema dos equipamentos estava na falta de exatidão com que emitiam os alertas. Prova disso foi a chegada de um novo tsunami no ano passado, matando 525 pessoas na ilha de Java, na Indonésia. Uma das moradoras da ilha disse que o alarme foi confuso. "Nos disseram que houve um terremoto e que um tsunami poderia vir em dois dias. Nós não esperávamos", diz Elan Jayalani. Quando as informações de um tremor chegam ao especialista, a análise e o envio de alerta demoram cerca de 60 minutos. Avisar a população (muitas delas vivendo em comunidades isoladas) é o maior desafio enfrentado pelos antigos métodos.