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O secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, afirmou nesta sexta-feira (14) que não descarta a hipótese de relação entre as chacinas que deixaram 19 mortos em Osasco e Barueri e os assassinatos de um policial militar e um guarda civil na região, ocorridos nos últimos dias.

"Não descartamos a relação com o latrocínio ocorrido sexta-feira (7) do policial militar (em Osasco), nem com o latrocínio ocorrido anteontem com o guarda civil (em Barueri)", disse Moraes.

Ainda de acordo com o secretário de segurança pública, a polícia também trabalha com a hipótese de um dos assassinatos de hoje ter iniciado uma "reação em cadeia" ou uma espécie de guerra entre grupos rivais.

"Pode ser que um grupo tenha realizado todos os homicídios e também é possível que, a partir de um primeiro evento, tenha ocorrido um efeito dominó."

Responsável pelas ações de segurança pública no Estado, Alexandre de Moraes afirmou que a apuração dos crimes demandará uma força-tarefa "diferenciada".

O secretário também afirmou que, entre seis vítimas identificadas, cinco tinham registro de antecedentes criminais.

Áudios mostram PM em ‘alerta’ durante ataques em Osasco

Áudios da rádio frequência da Polícia Militar obtidos pelo Estado mostram o momento em que a série de ataques em Osasco e Barueri coloca os PMs em "alerta". "Eu conversei com o Mike, aqui do 14, que encostou, ele informou que tem pelo menos 11 mortos na zona norte. Aqui também está sob alerta, percebe?", diz uma policial. Pelo menos 20 pessoas morreram em uma série de ataques em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, entre a noite de quinta-feira, 13, e a madrugada de sexta, 14.

Em outra escuta, um policial avisou aos colegas sobre a gravidade dos ataques. "Aí, chapas, QRU (local da ocorrência) aí, aqui em Osasco: 20 baleados aqui, por enquanto, 20 baleados. Parece que, até então, 11 mortos. Maiores detalhes eu passo depois", alertou.

Outra mensagem de voz, trocada entre moradores de Osasco, mostram o medo na região. "Aí, rapaziada. O barato é sério, hein, meu?", diz um morador em conversa com colegas. "Os caras ‘pegou’ uns oito aqui no final da Diretriz, aqui na Eurico, tão dando uns tiros em uns ali também, lá no Helena", disse.

Bandidos perguntavam por histórico criminal, diz prefeito de Osasco

Segundo o morador, era melhor evitar as ruas. "Um Vectra preto está ‘sentando o pau’ no pessoal aí na rua. ‘vamo’ ficar em casa, hein, pessoal."

Em entrevista à Rádio Estadão, o prefeito de Osasco Jorge Lapas (PT) disse que é necessário um esforço conjunto entre administrações municipais e a Polícia Civil para as investigações sobre a série de ataques que deixou pelo menos 19 mortos em Osasco e Barueri e reforço da segurança na cidade. "Nós queremos fazer um trabalho conjunto com a Polícia Civil, é hora de nos unirmos para esclarecer logo essa situação."

Segundo o prefeito, vídeos feitos por câmeras de segurança e relatos de testemunhas apontam que os assassinos conversaram com as vítimas antes de atirar e perguntavam pelo histórico criminal. "Nós já vimos alguns vídeos de ontem (quinta), as pessoas que promoveram essas chacinas perguntaram quem tinha passagem pela polícia e isso definia o assassinato. Isso já é um indicativo para as investigações", disse Jorge Lapas.

Segundo relato de um ouvinte da Rádio Estadão, escolas tiveram que liberar alunos que estudam à noite nesta quinta-feira, por causa dos ataques. Nesta manhã, a Prefeitura de Osasco não teve notícias de dificuldades para reabrir as escolas.

O prefeito de Osasco disse que o efetivo de policiais militares é insuficiente para a cidade, e que pedidos para aumento de número de policiais na região foram feitos ao governo estadual. "Temos dificuldade com o efetivo da Polícia Militar, é pequeno para o tamanho da região. Os policiais militares, em geral, prestam bons serviços, mas estão em número insuficiente" disse Lapas.

Até 9h, alguns cadáveres ainda estavam nas ruas de Osasco esperando liberação da perícia criminal para serem retirados. Segundo a prefeitura, sete corpos foram recolhidos na noite de quinta-feira.