A idéia era reunir depoimentos de pessoas comuns como contraponto aos tradicionais artigos de intelectuais, políticos e artistas sobre o ano vindouro. Quatro jovens de origens distintas, de uma favela do Rio de Janeiro, da classe média de Brasília, da classe média alta e da periferia de São Paulo, foram convocados pela redação para falar sobre suas vidas e o futuro. O resultado, publicado a partir da pág. 64, é um alerta. A marca mais forte dos testemunhos é a desesperança, embasada na violência crescente, no desemprego crônico, na proliferação do uso de drogas. Esperança, quando há, é movida por um individualismo do tipo predatório. Considerando-se que a juventude de hoje terá o comando do País nas próximas décadas, sobram motivos para preocupação. A responsabilidade, referida de modo indireto no debate, não é desta geração, mas da anterior, que hoje detém o poder ou se opõe a ele. No que diz respeito a ISTOÉ, profissionais de duas gerações se empenham para, por meio de seu trabalho, ajudar a construir um Brasil melhor. Por exemplo, na denúncia do crime organizado e de suas ligações com o ministro da Defesa Élcio Álvares, que em janeiro passou à condição de “ex” em consequência do certeiro conjunto de reportagens de Andrei Meireles e Isabela Abdala intitulado Defesa aberta. É de igual quilate a criação artística da capa Medo, de João Carlos Alvarenga e Roberto Weigand, um retrato elaborado da violência nas cidades brasileiras. Jóia da mesma lapidação é a reportagem A fonte da vida, de autoria de Norton Godoy, sobre o papel da genética na prevenção e no controle
das doenças. Os três trabalhos arrebataram Prêmios Esso, tema
da reportagem que começa na pág. 32. Os troféus são o coroamento de mais um ano de reafirmação da identidade
combativa desta revista.