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Nova York, 11 de setembro de 2001

A prova mais concreta de que a vida mudou de modo indelével em Nova York é a imaterialidade das duas torres do World Trade Center no skyline da cidade. Este poderia ser um paradoxo zen, mas é a realidade da guerra no século XXI. Um conflito mundial, entenda-se, como deixou claro o presidente George W. Bush no pronunciamento que fez no Salão Oval no dia 13 de setembro. Dois dias depois do maior atentado da história, o comandante-em-chefe da maior potência militar do planeta delineou a política externa agressiva que será aplicada pela nação num futuro muito breve. O quadro pintado vem carregado de tintas sombrias. Escudado num fundo de emergência de US$ 40 bilhões iniciais, aprovado bipartidariamente, o governo Bush prometeu não apenas perseguir os responsáveis e fazê-los pagar pelo que fizeram, mas também eliminar os santuários, os sistemas de apoio e “acabar com os Estados que patrocinam o terrorismo”, na definição do subsecretário de Defesa, Paul Wolfowitz. Em outras palavras: deixaram-se de lado as nuances diplomáticas e se escancararam as fronteiras do conflito. A dureza dessa estratégia intervencionista é o sinal inequívoco de que os EUA mudaram definitivamente. Os quatro boeings sequestrados que os terroristas arremeteram contra as Twin Towers e o Pentágono naquele sinistro 11 de setembro fizeram mais do que alterar a fisionomia de Manhattan ou criar uma figura geométrica impossível: a do Pentágono de apenas quatro lados. Explodiram também o modus vivendi americano, o icônico american way of life, substituindo liberdades individuais, prosperidade e a busca da felicidade, de que fala sua Constituição, pelo medo, a dor e a lógica marcial: olho por olho, dente por dente.

Cães exaustos – Por toda região metropolitana de Nova York, as palavras do presidente Bush foram parcialmente abafadas pela cacofonia da tragédia em moto-contínuo. Eram tempos de paroxismos, como o fato de que equipes de resgate procuravam corpos de outras equipes de resgate. Cães farejadores, como o pastor-alemão do patrulheiro estadual James Vaughn, perderam o rumo, com seus olfatos sobrecarregados pelos odores de milhares de cadáveres misturados aos escombros do World Trade Center. Na quarta-feira 12, o governador de Nova York, George Pataki, foi obrigado a pedir seis mil sacos plásticos-mortalhas adicionais para embalar vítimas. Isso num Estado que é o maior produtor desses envelopes fúnebres. Foram suspensas todas as partidas de beisebol no país, pela primeira vez na história deste esporte.

Ineditismos como esses proliferavam, mas o de maior dramaticidade foi o fechamento do espaço aéreo nacional. Os céus nova-iorquinos, geralmente congestionados pelo tráfego aéreo, estavam entregues com exclusividade aos caças militares que patrulhavam a região. As crianças, já traumatizadas pelos atentados, corriam para debaixo das camas ou para os braços dos pais, com medo do barulho medonho dos F-16. E, quando finalmente a Agência Federal de Aviação deu sinal verde para decolagem de aeronaves civis nos aeroportos John F. Kennedy e La Guardia, no final da tarde de quinta-feira 13, a paranóia impediu a decolagem dos primeiros aviões. O primeiro vôo entre Nova York e Los Angeles, desde os atentados, tinha a bordo um novo comando de supostos terroristas. O aparelho da United Airlines, companhia que já perdera duas naves de sua frota no dia 11, ficou três horas na pista aguardando tensamente uma ordem para decolagem que nunca chegaria. Em seu lugar, vieram 20 membros da Swat com metralhadoras engatilhadas. Invadiram a cabine para buscar passageiros que tentavam viajar com identidades falsas. “Os policiais entraram gritando para que todos deitassem no chão. Traziam as armas destravadas e agiram em alta velocidade. Foram até o fundo do avião e agarraram um homem. Ele saiu esperneando e gritando umas palavras incompreensíveis. Eu não sei árabe, mas aquele sujeito definitivamente não estava gritando em inglês”, diz Jim Hunter, passageiro daquele vôo. Outros dois indivíduos também foram algemados e retirados. A viagem, cancelada. No La Guardia, a cena não foi tão espetacular, mas não perdeu em dramatismo. Ao todo, dez pessoas foram presas nos dois aeroportos. Posteriormente, foram soltos por falta de provas.

Enquanto a cidade estava parada no maior congestionamento de sua história, o secretário de Estado, general Colin Powell, acelerava a máquina de guerra americana. Definiu a tática a ser empregada contra os terroristas de agora, usando o mesmo fraseado utilizado contra as forças de Saddam Hussein em 1990: “Primeiro nós vamos isolá-los; depois nós vamos matá-los.” Avisou também que, assim que o presidente Bush termine de reunir provas contra o saudita Osama Bin Laden e exibir as evidências ao mundo, os EUA vão “investir contra seu grupo, contra sua rede, aqueles que lhes dão proteção e apoio, e vamos rasgar esta malha. E quando tivermos acabado com ela, vamos continuar nosso assalto global contra o terrorismo em geral”, disse. É a globalização militar.

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O terror na ilha de Manhattan

O Congresso, mesmo com alguns democratas avessos a dar superpoderes ao Executivo, mostra tendência de apenas carimbar aprovação às políticas de guerra do presidente. “Em momentos de agressão externa o Congresso se transforma num corpo único, bipartidário em apoio ao presidente”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Dennis Hastert, antes de entoar juntamente com colegas democratas, o hino nacional americano nas escadarias do Capitólio. O Legislativo há anos vive às turras com presidentes na questão relacionada a quem detém poderes para decidir quando se deve ir à guerra. “A Constituição é clara: o presidente deve pedir permissão ao Congresso para declarar guerra. Mas e quando não se trata de guerra declarada? Há divergências sobre a questão de autoridade máxima nestes episódios nebulosos”, diz o jurista Bruce Ackerman, da escola de direito da Universidade de Yale. Assim, George W. Bush talvez fique de rédeas soltas: para declarações de guerra, é preciso que haja um Estado contra quem se vai lutar. O terrorismo é apátrida, apesar de estar presente em vários países. Na guerra globalizada, o inimigo é um sujeito oculto.

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O terrorista Osama Bin Laden, cérebro por trás dos ataques

Ameaças às liberdades – No entanto, guerrear é verbo intransitivo direto. E as vítimas são os cidadãos e suas liberdades. “Não podemos ter liberdades individuais quando a coletividade está ameaçada”, dispara o republicano Trend Lott, líder da minoria no Senado. “Não se pode defender a Previdência Social, quando a Segurança Nacional está ameaçada”, ecoa o poderoso senador Orin Hatch. Os predicados destas sentenças têm muitas coincidências em suas análises e nenhuma delas casual. Ambas sintetizam o autoritarismo. A primeira pressupõe fraturas nos direitos do cidadão, uma clara afronta aos conceitos mais caros da democracia americana. A segunda implica que os já combalidos cofres da Previdência podem acabar financiando o “esforço de guerra”, tungando o direito de aposentadoria.

Drama é o que não falta à nação. Enquanto as equipes de salvamento retiravam centenas de caminhões de entulho na parte sul de Manhattan e no Pentágono, membros de comunidades muçulmanas em todo o território americano varriam os destroços de mesquitas atacadas pelo preconceito generalizado de turbas iradas. Em localidades como Yonkers, com forte concentração de palestinos, as mulheres em chador pisavam em ovos, enquanto os homens eram aconselhados a ficar dentro de casa para evitar provocações. Em Nova York, uma professora agrediu verbalmente um menino árabe de oito anos e só não partiu para o tapa porque foi contida por uma auxiliar. A expressão de ódio se juntou à de aflição e medo no rosto do nova-iorquino. Cartazes com a fotografia de pessoas desaparecidas – provavelmente mortas no atentado – foram grudados nos postes. “Você viu esta pessoa?”, perguntam alguns. “Estamos procurando por Kevin Williams”, dizia outro. As filas nos hospitais e morgues se estendem por quarteirões e o desespero de parentes em busca de informações que não vêm dá um clima de campo de refugiados à cidade.

As ameaças de bomba evacuaram duas vezes o Empire State Building – agora reinstalado na condição de maior prédio de Nova York. As escolas também enfrentam problemas: dois dias depois das explosões, quando as crianças finalmente voltaram às aulas, nada menos do que quatro escolas tiveram de retirar às pressas seus alunos para que os esquadrões de bomba entrassem nas classes. O sistema bancário entrou em colapso e só voltou a funcionar a meio vapor. As Bolsas de Valores permaneceram fechadas, estendendo o prejuízo além das fronteiras do país, em perdas estimadas em mais de US$ 1 trilhão. Abaixo da rua 14 de Manhattan, o tráfego ficou restrito aos caminhões de lixo e veículos das equipes de salvamento. As vias restantes estavam entupidas, como as artérias de um coração infartado. A cidade entrou em coma.

Sequestradores identificados – Mas não estava morta. A determinação de bombeiros, policiais e voluntários não parou nem mesmo depois da tempestade que desabou na noite de quinta-feira 13 e manhã de sexta. Onde havia poeira formou-se um carpete de lama. Em alguns pontos os homens estavam enterrados até os joelhos numa argamassa de cimento, vidro, madeira e ferro moídos e queimados. Uma espécie de areia movediça que tornava ainda mais improvável o salvamento dos que foram soterrados vivos. O prefeito Rudy Giuliani entrava no quarto dia sem dormir. “Ele comandou Nova York como um estadista”, disse a ISTOÉ seu arqui-rival Al Sharpton, o militante negro radical.

O trabalho incessante não se resumia à busca de mortos, mas se estendia à caça aos vivos. Um homem que teve uma discussão acalorada com dois árabes no estacionamento do aeroporto Logan, de Boston, revelou o modelo e número da chapa do veículo de seus desafetos. A polícia encontrou o carro abandonado. Em seu interior, vários manuais de aviação e instruções de vôo escritos em árabe. Saberia-se depois que a perua Mitsubishi preta havia sido alugada pelo egípcio Mohammed Atta. Ele havia completado um curso de imersão total de pilotagem na Flórida, juntamente com seu primo Marwan al-Shehhi, pelo qual pagou US$ 20 mil. Sabe-se também que nenhum dos dois era bom muçulmano, pois consumiam álcool: no dia 10, Atta tomou vodca e Shehhi, rum, num bar de Boston. Brigaram com a garçonete quando viram o valor da conta: US$ 42. “Como se o dinheiro fosse lhes fazer falta no inferno”, comentou a garçonete Patrícia Idrissi. Atta pilotava o vôo 11 do Boeing 767 da American Airlines, que atingiu a torre norte, e Shehhi, o vôo 175 do Boeing 767 da United Airlines, que explodiu na torre sul do WTC. “O mais doloroso é que os dois entraram no país via Canadá e desceram no Maine. Lá, foram detidos como suspeitos, mas, por uma enorme falha dos agentes do aeroporto, Atta e Shehhi conseguiram escapar e sumiram”, disse a ISTOÉ Allan Porter, agente da polícia de fronteiras dos EUA. O número de prisões de suspeitos chegou a três dezenas até sexta-feira 14.

Ataque nuclear limitado – A contra-ofensiva americana não excluiu a aplicação de nenhum método. Os especialistas em contraterrorismo pediram a engenheiros de aviação para calcular a potência, capacidade de destruição e energia desprendida no momento de impacto de um Boeing 767 com tanques cheios de combustível. Queriam que a escala de valores fosse feita em quilotons (medida aplicada nas explosões nucleares). “O que se deseja neste caso é estabelecer que os terroristas usaram arma de destruição de massa equivalente a um artefato atômico. Caso esta correlação seja comprovada, o governo dos EUA, em teoria, estaria justificado internacionalmente para eventual retaliação nuclear”, disse a ISTOÉ o especialista em terrorismo Neil Livingston. “No caso, como não se sabe ao certo o paradeiro de Osama Bin Laden, uma das opções do Pentágono seria o uso de armas nucleares táticas (alcance de até 5 mil quilômetros). A vantagem desta estratégia seria causar máxima destruição numa área de considerável grandeza, sem comprometer toda a atmosfera de um país e de seus vizinhos”, diz Livingston. As desvantagens são, é claro, a entrada no terceiro milênio com uma guerra nuclear.

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Um dia a ser lembrado em todo o mundo

A casa do Iraque

O número 1.801 da P Street em Washington parece um edifício mal- assombrado. Desde 1990, suas portas estão fechadas. Não há, é claro, fantasmas inquilinos nesta construção de tijolinhos aparentes de três andares. Mas seus ocupantes, quando são vistos, estão sob suspeita. E os acontecimentos dos últimos três meses revelam fatos assustadores. Ali pode ter sido engendrada uma das muitas artimanhas do maior atentado terrorista da história. Mas da escuridão dos interiores daqueles salões ricamente decorados pode sair uma inesperada luz que denunciará os autores intelectuais dos atentados daquele fatídico 11 de setembro. O imóvel pertence ao governo do Iraque, fica a poucos metros da Casa Branca e foi recentemente avaliado por seus guardiões entre US$ 600 milhões e US$ 1 bilhão, numa apólice de seguro. As mesmas pessoas que foram procurar a seguradora, ao que parece, sabiam que a construção corria eminente perigo.

Em sua edição extra, que foi às bancas no dia seguinte ao maior atentado história, ISTOÉ reportava informações conseguidas com exclusividade, que davam conta de um complô envolvendo o líder terrorista Osama Bin Laden e o governo do iraquiano Saddam Hussein. Uma fonte de credenciais impecáveis e de comprovado conhecimento íntimo das ações de Bin Laden confidenciou à revista que as mãos por trás dos ataques eram de grupos seguidores do terrorista saudita. Mas o planejamento teve a participação de duas cabeças e o financiamento das operações partira de dois cofres. Os estrategistas de Bin Laden idealizaram o plano e despejaram os recursos para a execução. Mas foi o aparato de Estado do Iraque que forneceu a logística e refinamento de detalhes do golpe. Fizeram mais: financiaram parte dos custos com dinheiro do erário público iraquiano.

Quando o presidente George W. Bush disse, na terça-feira, 12, que os EUA iriam caçar e punir não apenas os terroristas por trás dos atentados, mas também seus hospedeiros, imediatamente os olhos do mundo se voltaram para o Afeganistão. A figura de Saddam Hussein parecia fora deste quadro. Mas, agora, sua fisionomia começa a ser vista no fundo da tela. O prédio na rua P de Washington é o agente revelador. Há cerca de quatro meses, um funcionário graduado da Sessão de Interesse do Iraque – órgão que defende os interesses de Bagdá nos EUA na ausência da embaixada – procurou uma corretora de seguros da cidade. Queria estabelecer uma apólice com prêmio no valor entre US$ 600 milhões e US$ 1 bilhão para o imóvel de número 1.801 da P Street. Ali, até a Guerra do Golfo, funcionava a embaixada do Iraque.

O negócio empacou por vários motivos. Em primeiro lugar, a seguradora alegou que o embargo contra o Iraque a impedia de fazer negócios com aquele país. No entanto, propôs consultar o Departamento de Estado, que liberou a corretora para fechar o negócio. A segunda preocupação da empresa seguradora, que prefere ser mantida no anonimato, era o alto valor da apólice. O imóvel vale no máximo US$ 10 milhões. Por que alguém se disporia a pagar altas mensalidades numa apólice com prêmio bilionário? Esta questão foi deixada de lado exatamente porque o cliente – o governo do Iraque – não parecia se importar com esse gasto. Deste modo, a apólice estava a poucos dias de ser assinada e entrar em vigor quando os aviões sequestrados começaram a cair sobre alvos americanos.

O governo americano revelou no dia 12 que o alvo principal do Boeing 757 da American Airlines não era o Pentágono, onde se espatifou, mas sim a Casa Branca. “O avião levantou vôo do aeroporto internacional de Dulles (subúrbio da capital), sobrevoou o Pentágono, fazendo uma volta, passou pelo Capitólio e ia em direção à Casa Branca. Não sabemos os motivos que o fizeram arremeter contra o Pentágono”, disse um porta-voz presidencial. “Caso o alvo tivesse sido a Casa Branca, a onda de destruição poderia facilmente atingir os imóveis da rua P”, analisa o tenente-general William Odom, ex-diretor da National Security Agency (NSA). Somente alguém que soubesse da tragédia antes de ela acontecer desejaria investir num negócio tão canhestro. “Como o Iraque sabia de ataques tão secretos, que nem os serviços de inteligência americanos sabiam?”, pergunta um agente do FBI. “Os iraquianos só poderiam saber dos atentados se estivessem ligados a ele”, sentencia o mesmo agente. A história da apólice de seguro deverá ser revelada pelo FBI em breve, o que confirmará as informações de ISTOÉ, tanto da negociata no seguro do prédio quanto da conexão Saddam Hussein–Osama Bin Laden.

Os heróis da cidade

A tradicional mitologia irlandesa tem lugar especial para criaturas denominadas “banshees”. São espécies de bruxas que, com grito agudo e incessante, anunciam desgraças. De certo modo, as sirenes ouvidas agora em todas as partes de Nova York são “banshees” modernas. A analogia se torna apropriada pelo fato de que são, em sua maioria, irlandeses e descendentes os bombeiros que correm ao epicentro das tragédias. A tradição dessa gente também determina que as tristes melodias da gaita de fole acompanhem os funerais de bombeiros e policiais, ao se calarem os gritos das sirenes. Agora, ecoará a mais longa sinfonia de gaitas. Até o dia 13, cerca de 400 bombeiros haviam morrido em meio aos escombros das torres do World Trade Center.

O tenente Danny Suhr, 34 anos e pai de cinco filhos, foi um dos que tombaram em ação. De estatura baixa e atarracada, com os poucos cabelos ruivos raspados a máquina zero, Danny tinha imagem paradoxal a seu temperamento. Sua delicadeza, ao comandar os meninos do time de beisebol mirim do bairro de Riverdale, era quase cômica. Sua esposa, Marggie, ajudava nos treinos, fazendo barricas de limonada para a molecada. Não se sabe como ela arrumava tempo para isso, tendo de cuidar dos cinco filhos. Patrick, 11 anos, o segundo da tropa, é autista e necessita de atenção constante. A mais velha, Brenda, 12 anos, uma ótima aluna na escola, auxiliava nesta tarefa. Agora, ela é incapaz de olhar por Patrick; está em estado de choque, sem falar ou comer há dias. A família Suhr, acostumada a aguardar pelo bombeiro Danny, terá de esperar ainda mais. Danny já está enterrado. Embaixo dos escombros do World Trade Center.

Escudo nas estrelas

Além das milhares de vítimas humanas dos atentados, os escombros das torres do World Trade Center e do Pentágono sepultaram também a menina dos olhos do presidente George W. Bush. O polêmico projeto de escudo contra mísseis nucleares, apelidado de “Guerra nas Estrelas”, está enterrado. “Acho que foi dramaticamente provado que o projeto fabuloso de um guarda-chuva protetor de mísseis sobre os EUA é apenas um brinquedo caro e inútil. O sistema não nos protegeria de um Jumbo nas mãos de um camicase”, disse o deputado democrata David Obey. A maioria dos analistas diz que o sistema é impraticável. E esta quimera tecnológica sai caro: US$ 110 bilhões, pelos cálculos do governo; o dobro disso nas estimativas do Congresso. Os atentados mostraram que os inimigos mais perigosos dos EUA não são os membros do fechado clube atômico, mas a máquina a vapor que move centenas de grupelhos terroristas. É um David low-tech contra o Golias high-tech.

 

Confira a cobertura completa sobre a morte de Osama bin Laden

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– Depois de matar Bin Laden, EUA pressionam aliado Paquistão