Quando o fotógrafo americano Dana Merrill foi contratado para registrar a monumental obra da ferrovia Madeira-Mamoré, na Amazônia, nunca poderia imaginar que seu trabalho, feito entre 1909 e 1910, seria um registro da devastação que sofreu a região. Nas fotos, os dormentes rasgam a pujança da floresta deixando para trás um rastro de destruição que se iria multiplicar nos anos seguintes. O projeto pretendia unir o Atlântico ao Pacífico para exportar a borracha, no auge de seu ciclo. Mas a insalubridade local condenou à morte seis mil dos 21 mil trabalhadores. Empresas envolvidas na obra faliram e a borracha brasileira sucumbiu ao produto mais barato do Sudeste asiático. As imagens obtidas por Merrill são impressionantes e servem como um alerta ecológico. Ao todo são 60 fotos, que exibem desde rostos cobertos por telas protetoras de mosquitos a uma gigantesca castanheira derrubada, cujo diâmetro correspondia a três homens em pé, um em cima do outro. (C.C.)
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