Ouça e confira a letra de "New":

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Aos 71 anos e quase seis décadas de consagração absoluta, o ex-beatle Paul McCartney poderia cruzar os braços e agir como os amigos de geração: gravar seguidos songbooks ou, então, escrever uma biografia. Vivendo um novo casamento (com Nancy Shevell, desde 2011) e aparentando ter muito menos idade, Macca, como é conhecido, quer soar jovem. Ao lançar um CD de inéditas em seis anos, não busca apenas se renovar musicalmente mas se adequar ao novo ambiente da internet, das redes sociais e da interatividade. Do design da capa (que foge do retrato de terno e gravata e traz uma obra de arte mininalista) às 13 faixas (uma é surpresa), passando por toda a estratégia de lançamento, o álbum, que não por acaso se chama “New” (novo), foi concebido para colocar o cantor na linha de frente do atual cenário musical.

Pela primeira vez, McCartney conversou com os fãs pelo Twitter e o resultado o deixou radiante como uma criança frente a um brinquedo novo: “Estou surpreso, exultante e muito feliz por atrair esse público lindo e jovem”, disse ao se despedir, depois de uma hora de chat.

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Com cinco netos, o mais velho entrando na adolescência, o roqueiro quer se comunicar com a juventude – e sua equipe de publicitários só merece elogios. Após 33 fotos no Instagram, cuja conta existe há um mês e meio, Macca soma 27 mil seguidores que repercutem bem os seus posts. No dia 6, uma semana antes do lançamento do novo trabalho, ele convidou os fãs de Los Angeles e Nova York para uma audição especial por meio da hashtag #McCartneydrivein. Os escolhidos ouviram as músicas dentro de carros, estratégia do próprio McCartney, que achou a acústica perfeita depois de conferir as novas canções dirigindo em Londres.

A imersão foi aprovada. Paralelamente, o músico tem se apresentado em festivais tipicamente indies, como Bonnaroo, Coachella e iHeartRadio. Esse último é promovido pela empresa de outdoors Clear Channel, encarregada do lançamento global do novo CD em 30 cidades de 18 países, winclusive em smartphones.

A guinada do ex-beatle para o mundo 2.0 começou há seis anos, quando ele foi o primeiro músico a romper o contrato com uma major da indústria fonográfica e assinar com a rede de cafés Starbucks em joint-venture com o selo Concord. De olho nas mudanças no mundo da música, Macca passou a observar artistas que estavam dando o que falar. Entre os preferidos de sua playlist pontuavam os mais recentes trabalhos dos rappers Kanye West e Jay-Z e das bandas de rock The National e The Civil Wars, cuja vocalista, ao saber disso na citada entrevista no Twitter, escreveu na hora um post em agradecimento. Foi com esse espírito aberto a novidades que ele entrou no estúdio (cinco ao todo, incluindo o antológico Abbey Road), com um CD demo trazendo 22 faixas esboçadas apenas em voz e violão. Para dar acabamento às canções (sete ficaram de fora), McCartney convidou quatro dos mais requisitados – e jovens – produtores da atualidade: Mark Ronson (do disco “Back to Black”, de Amy Winehouse, vencedor de cinco Grammy e com 20 milhões de cópias vendidas), Paul Epworth (do disco “21”, de Adele, seis Grammy, 25 milhões de cópias vendidas), Giles Martin (filho de George Martin, o quinto beatle) e Ethan Johns (filho de Glyn Johns, parceiro na antiga banda Wings).

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O resultado é flagrante já na abertura do disco com “Save Us” (produção de Epworth), cujas guitarras afiadas lembram o estilo dos meninos do Strokes. Mais surpreendente, “Appreciate” (produção de Martin), tem um clima hip-hop. “Quando toco o CD para os amigos eles duvidam de que sou eu”, disse o músico. Em homenagem, os pupilos incluíram aqui e ali referências ao som dos Beatles e, para não entregar totalmente o jogo, Macca só usou instrumentos vintage – mas a sonoridade retrô, ele sabe, é hoje o que existe de mais moderno.