Ao longo dos séculos ele tem sido apedrejado e denegrido. Vejamos: é constantemente confundido com urubu, só aparece nas telas de cinema quando tem corpo de morto abandonado em cena, e quando alguém está prestes a morrer, há quem diga, num humor muito negro, que o moribundo está no bico do corvo. Graças ao imortal Edgar Allan Poe, ele resiste na literatura num poema que leva o seu nome: O corvo. Pois bem, é mesmo desse pássaro chamado corvo que se está falando, e agora chegou o seu momento de cisne – a hora de sua reabilitação. Durante a Conferência Anual da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência, realizada em Washington, o cientista canadense Louis Lefebvre discorreu durante horas sobre o QI das aves. E sentenciou: “Esqueçam o papagaio, porque o corvo é a ave mais inteligente no planeta. Até o seu cérebro é maior.” Outra surpresa: em segundo lugar, empatado com o falcão no quesito inteligência, está o abutre.

“Ó velho corvo emigrado lá das trevas/ infernais!/Dize-me qual o teu nome/Disse-me o corvo, ‘nunca mais’/Pasmei de ouvir esse raro pássaro falar tão claro”
Trecho do poema O corvo, de Edgar Allan Poe, em tradução de Fernando Pessoa