18/01/2006 - 10:00
Uma das mais importantes competições do calendário automobilístico brasileiro está comemorando bodas de ouro. A Mil Milhas, tradicional corrida anual disputada no autódromo de Interlagos em São Paulo, chega à melhor idade com ares de grande negócio, patrocínios polpudos e pilotos famosos na pista. A festiva disputa que comemora a 50ª Mil Milhas Brasil está marcada para o sábado 21, com um investimento de R$ 4 milhões. A primeira edição, em 1956, foi idealizada e promovida pelo jornalista Wilson Fittipaldi, o Barão, que se inspirou na Mille Miglie, disputada em estradas italianas. A versão brasileira foi adaptada para um circuito fechado. A essência da competição é o tempo de duração: 12 horas no mínimo. Dividida em cinco categorias, a corrida é um verdadeiro desfile das máquinas mais desejadas do mundo. A trajetória da Mil Milhas coincide com o desenvolvimento da indústria de automóveis e autopeças no Brasil, iniciado nos anos 50 por iniciativa do presidente Getúlio Vargas, seguido depois por Juscelino Kubitschek. Nesse meio século de prova, portanto, já passaram pela pista de Interlagos os modelos turísticos mais cobiçados das grandes montadoras. Os tops da Volkswagen, Simca e Willis, passando pela invasão da Stock Car nos anos 80, até as portentosas Ferraris, Alfa Romeus e Porsches. A Mil Milhas Brasil é uma das corridas mais importantes do calendário brasileiro porque apresenta as tendências automobilísticas mundiais. É o São Paulo Fashion Week dos motores e chassis.
Para realizar a primeira edição, o Barão e sua mulher, Jucy, foram recrutar os pilotos, a maioria no sul do País. Boa parte participava das populares corridas de carreteras, carros montados para disputar, com componentes e motores de máquinas diferentes, comuns entre as décadas de 30 e 60. Foi com um desses que o funcionário público aposentado Breno Fornari venceu a primeira edição da prova. No comando de uma Carretera Ford 1940, o gaúcho foi o primeiro piloto a atravessar a linha de chegada não só em 1956, mas também em 1958 e 1959, com uma média de velocidade de 100 quilômetros por hora. “Eu tinha 26 anos e uma oficina na qual construía e desmontava carros. Era um aficionado. Na corrida, havia muita expectativa e preocupação. Era tudo muito pitoresco e até animais invadiam a pista, cercada por um matagal”, relembra ele, que participou da corrida oito vezes. Este ano, Breno não vai assistir às bodas da Mil Milhas. Deve ficar em sua casa de veraneio em Capão da Canoa, litoral gaúcho. Mas sua paixão pelo automobilismo foi herdada pelos dois filhos.
Na edição 2006 desfilarão na passarela de Interlagos os carros mais possantes e cobiçados do mundo: Ferraris, Corvettes, Maseratis, Mercedes-Benz, Lamborghinis, que numa reta ultrapassam os 300 quilômetros por hora. São 54 máquinas no grid de largada, que será dada ao meio-dia. O encerramento está marcado para as 23 horas. Ou seja: são apenas sete horas de luz, o restante é disputado à noite. Entre os pilotos estão Nelson Piquet e o filho Nelsinho, Emerson Fittipaldi, Tony Canaan e outros mais. A festa promete…
