Esqueça a sogra enxerida e o chefe carrasco. Quem mais provoca mágoa pode estar mais perto do que você pensa. Após realizar duas mil entrevistas no Brasil e outras 400 no Canadá, o professor de marketing e relacionamentos da Fundação Getúlio Vargas em Curitiba (PR) Marcelo Peruzzo descobriu que ninguém causa tanta mágoa quanto namorados e namoradas. A idéia é mapear o sentimento no continente, incluindo outras nações, e averiguar se a cultura e a economia do País interferem na resposta. “Por enquanto, vejo que a mágoa tem os mesmos causadores nos dois hemisférios”, diz o pesquisador. Mesmo em posições diferentes, os nove primeiros colocados se repetem nas duas listas. “Entender os sentimentos é fundamental para o profissional de marketing. O resultado nos ensina a tomar cuidado especial com as pessoas mais próximas”, diz.

A liderança dos namorados, à frente de maridos e esposas, dá força à sugestão de Peruzzo. O pesquisador acredita que os casados agem mais com a razão, enquanto os namorados colocam a emoção acima do bom senso e não relevam deslizes com tanta facilidade. Segundo a psicanalista Marina Massi, da PUC/SP, isso se dá porque os namorados estão mergulhados na paixão. “É um vínculo emotivo e instável. O objeto da paixão tem um poder enorme sobre o outro. Já uma relação de segurança afetiva permite que o outro não seja visto como o poderoso que pode ofender”, explica. Para ela, a afetividade na relação com o colega de trabalho também faz dele um causador de mágoa mais comum do que o chefe, de quem se espera uma relação mais formal. Marina chama atenção para a presença do pai. “Ele representa as regras e pode causar sofrimento, enquanto a mãe simboliza o amor incondicional”, diz.