A mamografia, exame indicado para mulheres acima de 40 anos para prevenir o câncer de mama – mal que fez mais de oito mil vítimas fatais no Brasil em 2001 –, ganhou uma versão mais refinada. O Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher (Cepem), entidade particular situada no Rio, está oferecendo um sistema inédito na América Latina que, de acordo com a instituição, apresenta resultados mais confiáveis e detalhados do que os obtidos a partir dos aparelhos tradicionais (raio X e computadores). Batizado de detecção inteligente, a novidade foi pesquisada durante 15 anos nos Estados Unidos.

Na verdade, o nome técnico do sistema é Computer Aided Detection (CAD). A detecção com ajuda de computador é um processo simples. A paciente faz um exame igual ao da mamografia convencional, mas a imagem é transmitida para um computador, onde é ampliada no monitor. Além disso, uma variação de contrastes facilita sua leitura. Em seguida, o exame sofre uma segunda análise feita pelo próprio equipamento, que assinala com asteriscos ou triângulos as áreas de risco para câncer. Depois, o médico pode ampliar a imagem dessas áreas e fazer uma terceira e ainda mais detalhada interpretação.

Segundo os médicos do Cepem, esse grau de apuração diminui as chances de erro de diagnóstico. “A margem de erro da mamografia convencional é de 20% a 25%. Com este sistema, as possíveis falhas caem a 7% e a necessidade de biópsias (exame complementar de retirada de tecido para análise) é reduzida”, afirma o ginecologista Henrique Pasqualette, diretor do Cepem.

O uso do equipamento, no entanto, ainda não convenceu a todos os especialistas. O ginecologista Euderson Tourinho, chefe do setor de diagnóstico por imagem do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem críticas. “É uma máquina que custa muito caro (US$ 480 mil, nos Estados Unidos) e não justifica investimento tão grande porque a imagem não é tão superior assim à obtida em sistemas computadorizados normais”, afirma.