A cidade mineira de Juiz de Fora acaba de ganhar o seu Museu de Arte Moderna – e em seu acervo há uma coleção de “afetos”. Explica-se: há no museu obras de arte que pertenceram ao poeta mineiro Murilo Mendes, e era assim que ele se definia quando olhava cada uma dessas obras que foi ganhando dos próprios autores ao longo de sua vida: “Sou um colecionador de afetos.” Murilo Mendes morreu em Lisboa em 1975 e legou esse acervo à sua viúva, Maria da Saudade Cortesão Mendes.

Agora ela o transferiu para o Museu de Arte Moderna – que terá uma exibição permanente como a atual, em mostras rotativas de 55 peças. Com uma área de quase três mil metros quadrados, a sede do museu de Juiz de Fora é um marco da arquitetura moderna (projeto do mineiro Décio Bracher).

O poeta Murilo Mendes foi para Roma em 1957 ensinar literatura brasileira. Foi também nessa época que a coleção de “afetos” começou a ser montada – que tal uma obra de Pablo Picasso para começar? Pois bem, foi assim que o acervo começou e só se fechou 249 obras depois. Entre os artistas destacam-se também:

Miró (litografia sobre papel de 1967, com votos de bom ano à família de Murilo Mendes), o cubista Georges Braque (desenhos), o papa da op art, Victor Vasarely, o também cubista Fernand Léger. “A importância de tudo isso é a prova de amizade entre Murilo Mendes e esses gênios”, diz a professora de arte Valéria Cristofaro.