A reeleição de Lula subiu no telhado

Lula tem um novo núcleo duro – Jaques Wagner, Ciro Gomes, Luiz Dulci e
Antônio Palocci – no Planalto para avaliar as chances da reeleição. Ele tende
a ser candidato, mas sua gana de enfrentar as urnas já foi maior. Só topa
novamente uma disputa se tiver chances reais de vitória. Hoje, Lula é um
presidente dividido: teme perder e, pior, ver sua biografia destroçada na
campanha. Reclama que o PT foi frouxo na defesa do governo. Nesse
cenário, se o PT continuar atrapalhando mais do que ajudando, Lula examina seriamente a possibilidade de desistir. Nesta semana começa a consulta aos partidos aliados para anunciar sua opção. A análise é pura matemática. Avalia
que tem apenas um terço do eleitorado e, para conseguir a maioria, precisa de
uma forte aliança eleitoral. Insiste em ter a companhia do PMDB, mas sabe que
são cada vez mais remotas as possibilidades desse acordo. O PMDB está com
os dois pés fora do governo. E Lula, talvez, com os dois pés fora da reeleição.

 
 

Sacando a caneta

O recado, curto e grosso, chegou aos ouvidos dos caciques
do PMDB. Mudando de comportamento, normalmente vacilante na hora de afastar auxiliares, o presidente Lula (foto) avisou:
“Se o PMDB lançar candidato próprio ao Planalto, vou demitir
os ministros do partido.” No governo só fica quem aposta
na reeleição.

 
 
Tiro no elefante

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) pediu, na sexta-feira 12, que a CPI dos Correios ouça duas testemunhas que incomodam muito o Palácio do Planalto: Solange Oliveira, a sombra financeira do tesoureiro Delúbio Soares, e Soraya Garcia, a ex-assessora financeira do PT em Londrina. A oposição acredita que a história das duas tornará inevitável a convocação do ex-ministro José Dirceu.

 
 

Gastoterapia

Descrente das chances de ganhar uma cadeira no Supremo, o advogado-geral da União, Álvaro Augusto Costa (foto), resolveu refrescar o ambiente. Está pintando paredes, trocando divisórias e comprando um novo sistema de ar condicionado. A maquiagem do prédio da AGU vai custar R$ 7 milhões.

 
 
Premiére americana

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), já decidiu onde vai passar o Carnaval. Viajará, pela primeira vez, aos Estados Unidos a convite do ex-embaixador John Danilovich. Visitará o Congresso americano para aprender como seus ilustres pares lidam com os chamados “grupos de pressão”. Ou, traduzindo, os lobbies.

 
 
Rápidas

• O presidente do Senado, Renan Calheiros, o governador Jarbas Vasconcelos (PE) e o ex-governador Orestes Quércia se reúnem quarta-feira em Brasília. É o PMDB unido pela candidatura própria.

• Geraldo Alckmin vai levar a primeira bicada pública de José Serra. Lançou o deputado João Almeida para líder da bancada. Jutahy Magalhães, o eleito de Serra, já garantiu o apoio do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, e de Aécio Neves.

• TCU, PF e MP procuram linhas mal traçadas nas contas do Conselho Federal de Engenheiros e Arquitetos (Confea). Suspeitam de borrões nos recursos pagos pelos profissionais. Só em publicidade os desvios seriam de R$ 10 milhões.

• Os tucanos tremem no poleiro: estão nas ruas pesquisadores do Instituto Ipsos e da MCI contratados pelo PSDB para avaliar as chances eleitorais de Alckmin e Serra. Os resultados saem esta semana. As penas voam logo em seguida.

• Uma paixão avassaladora por uma adolescente tirou da corrida ao Palácio do Buriti um dos favoritos ao governo de Brasília. O apaixonado teve ainda que trocar o recesso do lar por um hotel.