Teatro

La traviata

Teatro Gláucio Gil, Rio de Janeiro – Augusto Boal volta à cena lírica trazendo a mesma sambópera, criada por ele em 1999, na montagem de Carmen, de Bizet. Em La traviata, o público poderá reconhecer as melodias da trágica história da cortesã parisiense Violetta Valéry, na reinterpretação da ópera de Giuseppe Verdi (1813-1901), mas vai sacolejar nas cadeiras ao som de samba, chorinho e até tango. Boal ousa ainda mais ao transformar metáforas em imagens reais, a exemplo da crucificação de Violetta, como símbolo do seu sofrimento. A personagem, inspirada em A dama das camélias, de Alexandre Dumas, é interpretada com emoção pela jovem atriz Ana Baird, dona de voz impecável. E a adaptação assinada por Jayme Vignoli ganha desenvoltura e criatividade. (C.C.)
Vale a pena

DVD

Drowned world tour 2001

Warner Music Video – Como estrela de cinema, Madonna nunca chegou a convencer. Mas, ao dar vida a personagens em shows hiperproduzidos, ela faz um bom contraponto às suas provocações musicais. É o que acontece neste espetáculo gravado em Detroit, em agosto do ano passado. Durante 25 músicas, grande parte tirada do álbum Music (2000), a cantora de 43 anos encarna uma punk de kilt rasgado, uma gueixa enfiada em quimono ou uma cowgirl coberta de roupas bregas de couro, momento em que entra um set acústico para suavizavar o tom eletrônico dominante. Também faz acrobacias nas músicas Nobody’s perfect e Sky fits heaven, quando aparece dependurada em cabos de aço simulando lutas marciais como no filme O tigre e o dragão. Diferentemente da turnê anterior, Girlie show, de 1993, a mãe de Lourdes Maria e Rocco explora pouco o erotismo. Mas não abre mão do escândalo, ao fechar o espetáculo à maneira da garota espevitada de início de carreira, cantando Holiday e Music, enfiada numa camiseta que na frente traz a palavra mother e nas costas o palavrão fucker. (I.C.)
Assista até o fim

Discos

Come with us

Com The Chemical Brothers (Virgin) – Sinais evidentes de desgaste já começam a tomar conta da música eletrônica, como prova este quarto trabalho da dupla inglesa de DJs formada por Tom Rowlands e Ed Simmons. Criadores do chamado big beat – colagem ensandecida de batidas tecno, balanço funk, ruídos diversos e uma pitada de veneno rock’n’roll –, os “Irmãos Químicos” estão a léguas da invenção de álbuns anteriores. A maioria das faixas pode até em algum momento funcionar nas pistas de dança mas não passa de uma repetição de pequenos achados sonoros que se perdem no uso exaustivo e kitsch da estridente massa de teclados e sons sintetizados. Entre as faixas que se salvam estão The state we’re in, uma balada folk eletrônica atravessada pelos vocais da sempre ótima Beth Orton, e o rock sintético The test, pilotado por Richard Ashcroft, antigo cantor da banda Verve. (I.C.)
Arrisque

 

Cinema

Alto Risco

Em cartaz em São Paulo e no Rio Janeiro na sexta-feira 8 – Nas mãos do diretor inglês John Mackenzie a história real da jornalista Veronica Guerin, assassinada em Dublin em 1996 e aqui rebatizada Sinead Hamilton (Joan Allen), transformou-se num filme típico para a televisão, com grandes trechos sem nenhuma ação ou novidades em termos cinematográficos. É apenas uma narrativa, mas mesmo assim emociona. Veronica era jornalista combativa, que arrancava informações da polícia, dos marginais e até dos integrantes do IRA. Muito tarde, porém, percebe que está sendo manobrada pela máfia local. O curioso é que a própria Veronica participou do roteiro original, sugerindo a mudança do nome da jornalista, entre outras coisas. Naturalmente, o filme teria outro desfecho. Sua morte e o clamor público que se seguiu deram origem a mudanças profundas na legislação irlandesa. (L.C.)
Vale a pena