Mundo/Tecnologia  1991

“A nova geração não vai nem perceber que existe a internet”, diz Gustavo Caetano, 34 anos, dono da Sambatech. “Vai ser meio como nossa relação com a energia elétrica: algo que a gente sequer repara.” É verdade. Crianças que nasceram após a popularização da rede mundial de computadores e das telas sensíveis ao toque, na última década, lidam com tecnologia como quem aperta um botão para acender a luz, quando está escuro.

Uma realidade muito diferente da encontrada pelo físico inglês Tim Berners-Lee, em 1989. Até então, a primeira rede de computadores, a Arpanet, criada pelo exército americano em 1957, significava uma comunicação feita por códigos complicados, impenetráveis para quem não tivesse formação avançada em ciências exatas. Berners- Lee passou a pesquisar maneiras de melhorar a troca de informações entre as máquinas, na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern). Dois anos depois, juntou sua experiência com hipertextos — expressões ou palavras que, ao serem clicadas, transferem o usuário para outra área. Construiu o primeiro navegador e o primeiro servidor que foi ao ar em 6 de agosto de 1991. Nascia o site de informações do Cern, o primeiro da história e que até hoje está em atividade.

O impacto da internet na vida das pessoas tem sido comparado ao da máquina a vapor na revolução industrial. Mas há quem aposte que as mudanças foram ainda maiores. “Vivemos a era do David contra Golias”, afirma Caetano, eleito uma das 10 mentes mais inovadoras do País pelo MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachussetts, nos EUA. “Qualquer empresa pequena e inovadora passa a ter as mesmas chances dos gigantes do mundo dos negócios, dependendo do potencial disruptivo de sua invenção.” Caetano cita, por exemplo, que o Waze foi desenvolvido por uma pequena startup de Israel, que o Skype nasceu na Letônia e que o cartão brasileiro Nubank já está concorrendo com os grandes bancos.

Tudo é serviço

Depois das revoluções causadas pela internet com as redes sociais, com a música e os filmes em streaming e outras tantas, agora a aposta é a próxima transformação virá da internet das coisas: objetos trocando informações com outros objetos, pela rede, em tempo real. Uma das maiores mudanças nessa área deverá vir do segmento automotivo. Empresas de tecnologia e também montadoras preveem que, em pouco anos, ninguém mais precisará ser dono de um carro. Eles andarão sozinhos e serão acionados apenas caso em necessidade de transporte, como táxis sem motoristas. “Na verdade, há uma tendência de que a maioria dos produtos se transforme em serviços e os objetos tenham seu uso otimizado”.

“Vivemos a era do Davi contra Golias, em que qualquer empresa inovadora tem as mesmas chances dos gigantes do mundo dos negócios” Gustavo Caetano, 34 anos, dono da Sambatech
“Vivemos a era do Davi contra Golias, em que qualquer empresa inovadora tem as mesmas chances dos gigantes do mundo dos negócios” Gustavo Caetano, 34 anos, dono da Sambatech