A Meta, proprietária das redes sociais Facebook e Instagram, cortará mais 10 mil empregos, após as 11 mil demissões anunciadas em novembro passado, informou nesta terça-feira o CEO do grupo, Mark Zuckerberg.

A gigante da tecnologia, com sede em Menlo Park, Califórnia, também eliminará de seu organograma 5.000 postos atualmente vagos, para os quais não haverá contratação, acrescentou Zuckerberg, em comunicado. Os primeiros afetados serão do departamento de recursos humanos da empresa.

A companhia oficialmente põe fim à onda de contratações gerada pela alta demanda durante a pandemia da covid-19, quando as grandes empresas de tecnologia intensificaram suas operações.

Na sequência, os departamentos de tecnologia e negócios também serão afetados. Zuckerberg avisou que, “em um pequeno número de casos, pode levar até o final do ano para essas mudanças serem concluídas”.

O cofundador do Facebook e cabeça da rede social havia alertado no mês passado que 2023 deve ser “o ano da eficiência” para a Meta, e que iria se concentrar em obter “uma organização mais forte e ágil”.

Com esses dois cortes em massa, de cerca de 21 mil empregos, a Meta terá reduzido seu quadro de funcionários em 24%, o que representa um giro de 180º na política da empresa, uma vez que, em quase 20 anos de existência, o grupo não havia lançado nenhum plano de demissão.

Para Zuckerberg, a decisão é justificada pela necessidade de “tornar a [Meta] uma empresa de tecnologia melhor” e “melhorar os resultados financeiros em um ambiente difícil”.

Além de cortar empregos, a empresa vai desacelerar o ritmo de contratações, acrescentou Zuckerberg, que também planeja “cancelar projetos não prioritários”.

O grupo anunciou previamente uma pausa nas contratações até o final de março de 2023.

– Depois do boom –

A lista de postos envolvidos será conhecida em abril e o custo global dessa reestruturação é estimado pela empresa em entre 3 e 5 bilhões de dólares (entre 15 e 26 bilhões de reais), segundo documentos apresentados à SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA, que a AFP pôde consultar.

As demissões devem permitir à Meta uma redução de custos de 3 bilhões de dólares (cerca de R$ 15 bilhões) a partir de 2023. O anúncio animou o mercado, com uma alta de 7,25% da ação da Meta em Wall Street.

“A primeira onda de demissões permitiu a Meta enfrentar os danos causados pela concorrência feroz” entre as redes sociais “para captar usuários e publicidade. Este novo anúncio deve ser bem recebido pelos investidores, que esperam que a Meta se concentre em sua atividade principal”, considerou Jasmine Enberg, da Insider Intelligence.

“A Meta sabe que deve revisar para baixo as suas ambições no metaverso [um universo virtual paralelo], muito custosas, e se concentrar em melhorar suas atividades centrais, em particular diante das ameças que aparecem, como a inteligência artificial.”

Após apresentar um crescimento fora do comum desde a sua criação, o Facebook – que se tornou Meta no final de 2021 – sofre desde o ano passado com a queda na publicidade on-line.

O movimento é acentuado pela mudança no sistema operacional do iPhone (iOS), que não permite mais que a plataforma colete tantos dados sobre seus usuários quanto antes.

Como toda indústria de tecnologia, a Meta sofre com a alta dos juros, o que penaliza um setor que precisa de caixa para financiar seu desenvolvimento.

Além disso, Facebook e Instagram enfrentam uma concorrência em ascensão, especialmente da plataforma de vídeo TikTok, que está reduzindo sua participação no mercado.

Os problemas que a Meta enfrenta fizeram o preço das suas ações caírem mais de 60% em 2022, embora o seu valor tenha sido recuperado parcialmente desde o começo do ano – graças à promessa de Zuckerberg de redirecionar a gestão.

O faturamento da Meta foi para US$ 116,6 bilhões (R$ 610,5 bilhões na cotação atual) em 2022, uma queda de 1%.

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