Os eleitores do Zimbábue vão às urnas nesta quarta-feira (23) para escolher o presidente do país, após uma campanha eleitoral marcada por uma intensa repressão da oposição e muitas irregularidades no registro eleitoral.

O presidente Emmerson Mnangagwa, de 80 anos, que aspira a um novo mandato, votou cercado por simpatizantes em sua cidade natal de Kwekwe, na região central do país.

Seu principal rival é Nelson Chamisa, um advogado e pastor de 45 anos, que lidera o partido Coalizão Cidadã pela Mudança (CCC).

Chamisa acusou na tarde desta quarta o governo de Mnangagwa de “manipular” uma eleição já tensa, na qual ocorreram significativos atrasos e foram registradas denúncias de intimidação eleitoral.

“Um caso claro de supressão de votos, um caso clássico de manipulação analógica digna da Idade Média”, declarou o candidato durante uma coletiva de imprensa.

Os resultados das eleições presidenciais, legislativas e municipais serão divulgados no prazo de cinco dias após a votação.

A oposição espera conquistar os votos de protesto contra a crise econômica que afeta o país há muitos anos, marcada pelo nível recorde de desemprego e a inflação que alcançou 101% em julho, segundo os dados oficiais.

Apesar do cenário, o presidente Mnangagwa e seu partido Zanu-PF, que governa o país do sul da África desde sua independência do Reino Unido em 1980, parecem decididos a permanecer no poder

“Proibiram mais de 100 comícios, mas Deus afirma que chegou a minha hora de ser presidente”, disse Chamisa na segunda-feira, em seu último comício, em referência a meses de campanha marcados pelas detenções de opositores.

Mnangagwa prometeu uma apuração justa e sem violência, mas organizações de direitos humanos como a ONG Human Rights Watch criticaram um “processo eleitoral com graves falhas”.

Quase 6,6 milhões de eleitores estão registrados para votar e o presidente é eleito por maioria absoluta. Se nenhum candidato alcançar 50% dos votos mais um, o país terá segundo turno.

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