30/07/2018 - 0:27
Os eleitores do Zimbábue comparecem às urnas nesta segunda-feira para a primeira votação desde a queda do presidente Robert Mugabe, que, durante as quase quatro décadas em que permaneceu no poder, arrastou o país para uma grave crise econômica.
Vinte e três candidatos disputam a presidência, em um pleito organizado ao mesmo tempo que as eleições legislativas e municipais.
Mas a batalha está concentrada no atual presidente Emmerson Mnangagwa, ex-aliado de Mugabe e presidente do partido governista ZANU-PF, e o opositor Nelson Chamisa, representante do Movimento pela Mudança Democrática (MDC).
Depois de permanecer na presidência desde a independência do Zimbábue em 1980, Mugabe, de 94 anos, foi obrigado a renunciar em novembro do ano passado por seu próprio partido, com o apoio dos militares. As primeiras eleições da era pós-Mugabe provocaram um grande entusiasmo.
Na capital Harare, os eleitores, que usavam mantas para evitar o frio, formaram filas diante dos locais de votação três horas antes da abertura dos portões às 7H00 (2H00 de Brasília).
A votação prosseguirá até 19H00 (14H00 de Brasília) e os resultados devem ser divulgados até 4 de agosto.
“Estamos contentes com a saída de Mugabe, mas as coisas devem mudar”, afirmou Tendau Ngowera, funcionário de uma empresa de tabaco que declarou voto em Chamisa.
“O ZANU-PF está no poder há 37 anos. Vão continuar roubando, não vamos tolerar”, completou.
“Vamos dar uma oportunidade a Emmerson Mnangagwa”, afirmou Paddington Mujeyi, vendedor de perfume de 30 anos.
“Nos últimos meses vimos mudanças no que diz respeito à liberdade. Não somos perseguidos como nos tempos de Mugabe”, disse.
Na véspera da eleição, Mugabe surpreendeu ao pedir para que os votantes retirem do poder o seu partido e declarou apoio a Chamisa, de 40 anos, que recentemente assumiu a liderança do MDC, após a morte do dirigente histórico do partido, Morgan Tsvangirai, o eterno rival de Mugabe.
Mas nas pesquisas o favorito é Mnangagwa, de 75 anos, um membro da elite do ZANU-PF que se apresenta como o homem da renovação para o Zimbábue, um país do sul da África afetado por uma grave crise econômica pela gestão de Mugabe.
Apesar das pesquisas, Chamisa tem a esperança de convencer os mais jovens a votar por uma mudança e a dar as costas à velha guarda.